Por Ulisses Pompeu – de Marabá
A Universidade do Estado do Pará (Uepa) deu às boas-vindas aos novos calouros das tribos Suruí e Gavião aprovados para o curso de Licenciatura Intercultural Indígena, que selecionou 52 indígenas dos dois povos. A aula inaugural ocorreu nesta segunda-feira (2), no campus da universidade, em Marabá, com a participação da reitora, Maria Brasil Xavier, da coordenadora do curso, Joelma Alencar, e do secretário municipal de Educação, Nells Rodrigues, além de lideranças indígenas, alunos e funcionários da instituição.
O processo seletivo especial para o curso de licenciatura intercultural indígena ocorreu entre fevereiro e maio deste ano, ofertando 100 vagas para os índios dos povos Gavião, Tembé e Suruí. As aulas começaram ontem, quarta-feira (4), nas aldeias Kyikatêjê, Sororó (Suruí) e no campus da Uepa de São Miguel do Guamá.
A cerimônia em Marabá iniciou com um ritual indígena através de música e dança e em seguida a Uepa iniciou sua programação, com discurso das autoridades presentes. Kuwêxerê Gavião, cacique da Akrãkaprêkti (que significa Ladeira Vermelha) elogiou a Uepa em seu discurso e disse que a integração com a Uepa faz com que seu povo cresça na sociedade, fortaleça sua cultura e ainda prepare sua comunidade para o mercado de trabalho. “Nossa dança mostra que nossa cultura está viva e a gente quer que ela cresça ainda mais. Precisamos nos desenvolver com um olho na cultura e outro na comunidade”, destacou.
A reitora da Uepa, Marília Xavier, revelou que o projeto do curso começou em 2009 na universidade, em meio a uma crise institucional. Alguns líderes indígenas pediram à Uepa para oferecer um curso universitário para que eles próprios pudessem ministrar aulas para seu povo, no futuro. “Levamos dois anos formatando esse projeto, que agora está sendo concretizado”, ressaltou ela, que ministrou a aula inaugural do curso para os alunos.
“O trabalho é coletivo e chegamos até aqui com o apoio de todos, mas existe uma sensibilidade por parte da nossa Gestão Superior em entender e ajudar a desenvolver todo um trabalho que foi fundamental para que a Licenciatura Intercultural Indígena se tornasse uma realidade”, explica a coordenadora do curso, Joelma Alencar, também membro do Núcleo de Formação Indígena da Universidade.
O curso aborda os conhecimentos tratados na área de ciências humanas e sociais, ciências da natureza e matemática e linguagens e arte. Todos estarão articulados aos saberes indígenas, na perspectiva de formar professores nessas três áreas, para atuar na educação escolar indígena. A licenciatura é ofertada pela primeira vez na Uepa. O curso abre com 100 vagas, 50 para cada grupo, e será desenvolvido em regime presencial e modular.