Na última segunda-feira (28), em entrevista coletiva, a Universidade Federal do Pará (UFPA) apresentou mudanças no sistema de cotas que ampliam a reserva de vagas para candidatos de famílias de baixa renda (considerando renda per capita igual ou inferior a 1,5 salário mínimo), além de ajustar o número de vagas para pretos, pardos e indígenas de acordo com critérios estabelecidos na Lei 12.711, que regulamenta o sistema de costas.
A decisão da instituição reacendeu a discussão sobre o sistema que beneficia a maior parte da população paraense. Mesmo assim, uma grande parcela dos estudantes prestes a encarar o vestibular não concorda com essa distribuição de vagas nas universidades. Para Maurício Marçal, mesmo se encaixando nas cotas, o sistema acaba evidenciando ainda mais o preconceito nas faculdades. “A cor não define a capacidade intelectual das pessoas. Não acho justo com os outros estudantes, tanto que o homem mais poderoso do mundo [Barack Obama] é negro. Já em relação a alunos de baixa renda é uma outra questão: ainda temos muitos problemas nas escolas públicas em relação à qualidade de ensino e greves, problemas que alunos de escolas particulares não enfrentam”, explica o estudante da Escola Marluce Massariol.
Diferente de Maurício, seu colega, William Barroso, vê as cotas como uma forma de equilibrar as oportunidades para alunos para alunos de escolas públicas e particulares e ainda tentar reparar um problema histórico de negros, pardos e índios sofreram. “Acredito que o sistema tenta compensar a falta de estrutura que os alunos de escolas públicas têm, ao mesmo tempo que dá a essas pessoas, que historicamente foram menos privilegiadas, mais chances ao ensino superior”.
Ainda de acordo com a Lei de Cotas, metade das vagas da UFPA deverá ser ofertada para alunos cotistas de escolas públicas. Metade dessas vagas, ou seja, um quarto do total, deve ser direcionada a estudantes com renda familiar igual ou inferior a um salário mínimo e meio por pessoa.
Dentre os alunos considerados de baixa renda, a instituição irá proporcionar 78% das vagas para estudantes que se autodeclararam pretos, pardos ou indígenas. O percentual adotado pela instituição segue o que diz a Lei, que determina a proporção de acordo com os dados do último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).