Começam às 9 horas desta quinta-feira (20) as inscrições para o Processo Seletivo Especial (PSE) da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) destinado às pessoas transgêneros, transexuais e travestis. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas até dia 3 de abril deste ano.
A Ufra oferece 46 vagas em 42 cursos de graduação nos campi de Belém, Capanema, Capitão Poço, Paragominas, Parauapebas e Tomé-Açu, o que corresponde a 2% de suas vagas para a comunidade Trans. Para Parauapebas, são seis vagas distribuídas pelos cursos de administração, agronomia, enfermagem, engenharia de produção, engenharia florestal e zootecnia.
As inscrições podem ser feitas por meio de formulário disponível no site:
https://sigaa.ufra.edu.br/sigaa/public/processo_seletivo/lista.jsf?aba=pprocesso&nivel=G . Para concorrer, o candidato deve ter realizado ao menos uma vez a prova do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) entre os anos de 2020 e 2024. Caso tenha participado de mais de uma edição, poderá escolher a nota com a qual deseja se inscrever na Ufra. Atenção: o candidato não pode ter zerado a redação do Enem e deve ter nota final acima de 450 pontos.
As inscrições devem ser feitas exclusivamente pela Internet, devendo o candidato ler atentamente as instruções. Ao final da matéria, veja a íntegra do edital.
Recomendações do MPF
O pró-reitor de Ensino da Ufra, professor João Almiro, explicou que a instituição decidiu acatar a recomendação feita em março de 2024 pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Pará – órgão do Ministério Público Federal -, que inicialmente focava denúncias feitas pela população Trans contra a falta de vagas na Universidade Federal do Pará (UFPA).
Em reunião pública com a participação da sociedade civil, coletivos e movimentos sociais pautados na efetivação de direitos da população LBCTQIA+, também foi denunciada a ausência de políticas afirmativas na Ufra destinadas à comunidade estudantil transgênero, assim como a falta de ações institucionais de combate e prevenção à transfobia e de outras violações de direitos da população trans.
O professor João Almiro conta que a Ufra assumiu a missão para a implementação das cotas para pessoas transexuais e travestis, e que, para isso, organizou um Grupo de Trabalho com 12 integrantes, incluindo docentes, técnicos e discentes, sendo três pessoas trans. A resolução foi aprovada no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) no dia 20 de dezembro de 2024.
Emilly Cassandra, travesti e aluna do curso de Letras/Português da Ufra, fez parte do GT, e observou que a implementação de cotas nas universidades públicas é uma briga nacional antiga frente aos dados que mostram que, até 2021, apenas cinco das 106 universidades públicas brasileiras, entre federais e estaduais, destinavam vagas para as pessoas trans.
Os números e estatísticas são apresentados na recomendação do Ministério Público Federal assinada pelo procurador Sadi Flores Machado, que cita dados do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), divulgados em 2023.
“Existe uma briga nacional para que haja cotas em todas as universidades públicas, para que essas pessoas, que por anos foram massacradas, possam ter direito a uma formação acadêmica e ser futuras professoras, médicas veterinárias, biólogas ou qualquer outra formação que a universidades proporcionem”, diz Emilly Cassandra em matéria publicada no site da Ufra.
Os aprovados no PSE Transgênero 2025 da Ufra começarão o semestre juntamente com os calouros do Processo Seletivo Próprio (Prosel Ufra) e no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), no dia 19 de maio. A exceção é para os cursos de Enfermagem, em Parauapebas, e Letras Língua Portuguesa, em Tomé-Açu, que irão iniciar no segundo semestre.
Cronograma do PSE Transgênero Ufra 2025
17/03 – Publicação do Edital
20/03 a 03/04 – Período de inscrições
10/04 – Homologação de inscrições
14/04 – Divulgação do Resultado
A partir de 14/04 – Habilitação da matrícula
Veja o edital abaixo:
