Um dia após prisão de ex-ministro, equipe da campanha de reeleição, avalia como mitigar estragos na imagem de Bolsonaro

A avaliação é de que o episódio atinge uma das principais bandeiras bolsonaristas, o discurso anticorrupção

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Brasília – Um dia após a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, a equipe que cuida da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), será obrigada a mudar a estratégia programada e focar como mitigar os estragos à imagem do presidente após a Operação “Acesso Pago”, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quarta-feira (22), que investiga a prática de “tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos” do FNDE no MEC.

O desafio da equipe de reeleição será descolar a imagem do presidente Bolsonaro dos atos de seu ex-auxiliar a frente do MEC.

Um depósito de R$ 50 mil na conta da esposa do, feito por um assessor ligado a um dos pastores também preso na operação, complicou a defesa de Milton Ribeiro, que se adiantou, justificando que o dinheiro seria da “venda de uma carro ao pastor investigado e que a documentação será apresentada no decorrer do processo.”

A campanha de Bolsonaro avalia os estragos sob expectativa da divulgação da nova rodada de pesquisas que serão divulgadas até o final dessa semana. Alguns institutos, mesmo questionados e sob ceticismo de muitos, apontarão a vitória do candidato do PT, ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, que venceria o pleito já no primeiro turno.

Avaliação
O Palácio do Planalto sabe que o episódio atinge uma das principais bandeiras bolsonaristas, o discurso anticorrupção.

A cem dias do primeiro turno das eleições, os respingos da prisão de Ribeiro se somam a outros obstáculos que o grupo tentava tirar da frente para impulsionar a campanha, como o novo aumento no preço dos combustíveis, nesta semana, e a alta da inflação. A estratégia era tentar emplacar que as dificuldades econômicas são um fenômeno mundial devido a pandemia da Covid-19 e da guerra da Ucrânia, mas que, ao menos, o atual governo não tem escândalos como os das gestões petistas.

Em outra frente, Bolsonaro seguia apostado nos casos corrupção dos governos do PT para se contrapor ao ex-presidente. Na tentativa de salvar essa narrativa, o presidente, que chegou a dizer que colocaria a “cara no fogo” por Ribeiro, vai passar a defender a investigação e uma punição exemplar ao ex-ministro, caso sejam comprovadas as suspeitas de corrupção na basta. A ideia é tentar apresentar Bolsonaro como implacável contra crimes mesmo que tenha que “cortar na própria carne”.

O episódio também será utilizado como argumento de que a Polícia Federal tem uma atuação independente e que o presidente não tenta interferir nos rumos das investigações. Bolsonaro foi acusado pelo ex-ministro Sergio Moro de interferir na PF, mas o inquérito concluiu que não houve crime.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.