Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará) e mineradora Vale inauguraram, na tarde desta quinta-feira (9), no Campus II da instituição de ensino, o prédio que abrigará o primeiro Museu de Espeleologia e Geologia do sul e sudeste do Pará. Trata-se do resultado de convênio de cooperação técnico-científica do Procav (Projeto Cavidades), no valor de R$ 3,5 milhões pelo qual o novo espaço foi reformado e ampliado e fica dentro da Faculdade de Geologia da universidade.
Assinado há sete anos, o Procav, que chega à sua conclusão, tem a finalidade de contribuir com a geração de conhecimento científico e tecnológico e com a formação de profissionais de Geoespeleologia, ciência que estuda os atributos físicos das cavernas.
Para João Coral, gerente executivo de Sustentabilidade da Vale, maior que o valor monetário do projeto é o investimento em educação, no capital humano. “Esse projeto é muito conectado com esse tipo de inciativa. O mais importante é que isso vai se transformar também num museu, onde vamos trazer espeleotemas e rochas, todos esses trabalhos de pesquisa feitos por esses pesquisadores daqui. Vai ser uma referência para o Brasil. Para todas as pesquisas minerais aqui e para o País”, avalia ele.
O museu terá espaço para guardar, com segurança, amostras e dados geoespeleológicos coletados das cavidades naturais da Província Mineral de Carajás. Tudo passará por catalogação, tombamento e identificação e será exposto no museu assim que este estiver implantado.
Para o professor Antônio Emídio de Araújo, coordenador do Projeto Cavidade, o Museu de Espeleologia e Geologia terá grande importância porque vai registrar as ocorrências de cavidades em Carajás, de forma técnico-científica, fazendo produções científicas em revistas internacionais, além de abrigar um banco de dados de espeleotemas que serão registrados e expostos para visitação da comunidade local e de cidades circunvizinhas.
“A parceria com a Vale foi muito importante. Nós nem tínhamos ideia de onde esse projeto chegaria e alcançamos patamares além do que esperávamos, principalmente na questão de recursos humanos, de informação, de pesquisadores, de mestres, de doutores. Então isso foi muito bom para nós”, reconheceu Antônio Emídio.
Na opinião de Bruno Scherer, espeleólogo e responsável pelo Departamento de Espeleologia da FCCM (Fundação Casa da Cultura de Marabá), é um ganho muito grande a universidade estar se inteirando cada vez mais do conhecimento sobre as cavernas, haja vista que a FCCM já trabalha com isso há mais de 30 anos. “É um grande ganho para a sociedade, principalmente porque grande parte das cavernas fazem parte de parques de unidades de conservação e isso contribui muito com a preservação dessas unidades”, avaliou ele.
Scherer assinalou, entretanto, que não se tem preservação se não conhecimento do patrimônio espeleológico, o que é fundamental, além do conhecimento científico: “As cavernas não guardam somente um buraco com morcegos, como muitas pessoas imaginam, mas sim a possibilidade de obter antibióticos e identificar outros tipos de espécies de animais não identificados antes, assim como formações rochosas, entre outras”.
Antônio Padovezi, diretor do Corredor Norte da Vale, disse que todo projeto tem começo, meio e fim, mas as boas parcerias têm início, meio, mas não têm fim. “Isso vale para a Unifesspa”, destacou ele, lembrando que a parceria entre a instituição de ensino superior e a mineradora começou bem antes da existência da Unifesspa.
“Lá no início dos anos 2000, quando ainda era Universidade Federal do Pará, nós começamos a trabalhar juntos. Tivemos a honra de participar da implantação aqui do então Campus II da UFPA e, quis assim a história e a vontade de todos, que se tornasse então a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará”, lembrou ele.
Padovezi afirmou que é uma honra para a Vale ter participado dessa transformação assim como é uma honra seguir com parcerias das mais diversas, inclusive com os programas de porta com estágio para os jovens.
“A gente entende que essa indústria do conhecimento, de investimento no conhecimento, propicia que todos os profissionais envolvidos possam trilhar as suas escolhas e os seus caminhos. E é isso o que nós queremos também”, disse Antônio Padovezi.
O reitor da Unifesspa, Maurílio de Abreu Monteiro, disse que os museus são uma invenção brilhante da humanidade, porque permitem, “articular, de forma mágica a pesquisa”. “A nossa tarefa agora é dar vida a esse museu. Não haveria melhor forma de encerrar a etapa de um projeto, como com um museu. Porque é a forma de permitir que um conjunto de ações de pesquisa ganhe, e com rapidez, o coração e as mentes dos professores e alunos dos outros cursos da universidade, mas, sobretudo, dos meninos que estão entrando no ensino fundamental”, declarou, muito empolgado.