União Européia avaliará expansão da Vale: risco de abusos por posição dominante

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Ao apressar suas expansões e ampliar seus negócios, a Vale está despertando preocupações entre representantes do setor. Aqui, a oitava usina, no porto de Tubarão, teve suas obras aceleradas e a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU) também mantém passos apressados rumo ao seu licenciamento, o que vem deixando ambientalistas preocupados. Já no exterior, é a Associação Européia da Indústria Siderúrgica (Eurofer) que cobra atenção às atividades da mineradora, conforme publicado no jornal “Estado de S.Paulo”.

A informação é que a Eurofer quer que a União Européia (UE) avalie a maior produtora mundial de minério de ferro, a Vale, e verifique se ela está abusando de sua posição dominante. A Eurofer, cujos membros incluem ArcelorMittal e ThyssenKrupp, acusa a Vale de abusar do seu domínio de mercado.

Para o meio ambiente, o monopólio da Vale também não é um bom negócio. Só no Espírito Santo, ela mantém sete usinas em operação e constrói sua 8ª usina em ritmo acelerado. Além disso, quer construir a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), em Anchieta, onde os níveis de poluição permitidos por lei já foram alcançados devido à operação da Samarco Mineração S/A, também no balneário turístico.

Só com a oitava usina, a Vale pretende agregar 7,5 milhões de toneladas aço por ano à sua produção de 25 milhões de toneladas por ano de pelotas de minério de ferro das sete usinas em atividade (destas, cinco em parceria com outras empresas). Além disso, a empresa deixou claro no último ano que vai otimizar a produção das atuais usinas, atingindo uma produção de 39 milhões de toneladas de pelotas de ferro por ano. Na prática, dizem os especialistas, a otimização das sete usinas equivale à sua 9ª pelotizadora em Tubarão.

Para ambientalistas, a mineradora quer atingir sua capacidade máxima de produção para monopolizar o mercado.

Neste contexto, a Vale negocia atualmente com as produtoras de aço européias os termos de aumento do preço do minério. Entretanto, conforme publicado pelo jornal “Estado de S. Paulo”, as mineradoras consideram o aumento de preço do minério de ferro propostos “injustificados”.

As regras antitruste da UE proíbem empresas de fixar preços entre elas ou definir fatias de mercado. Com os preços à vista do minério de ferro subindo no ano passado, as grandes mineradoras pressionam as siderúrgicas para aceitarem um dos maiores aumentos anuais da história.

Enquanto a Eurofer critica o aumento de 80% a 90%, alegando que poderia prejudicar a recuperação econômica européia, a Vale estaria pedindo 90% a 100%, diz o jornal.

Neste contexto, o que é chamado de 3º ciclo de desenvolvimento pelo governador Paulo Hartung, de fato, nada tem a ver com o desenvolvimento do Estado, alertam os ambientalistas.

Para eles, o 3º ciclo nada mais é do que a tentativa do Estado de ludibriar a população – com promessas de empregos e sobre instrumentos para minimizar a poluição – para atender aos interesses da mineradora e permitir suas expansões no Estado.

Segundo publicado pela Agência Reuters, o presidente da Vale, Rogério Agnelli, afirmou que a disputa pelo preço do minério “tem que ser olhada com praticidade” e que “mercado é mercado”.

A Eurofer fez seu apelo à UE depois que a Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, e a BHP Billiton, terceira maior produtora, dizerem que vão precificar o minério de ferro às siderúrgicas japonesas trimestralmente a partir de 1 de abril, sinalizando o fim dos acordos anuais.

Qualidade de Vida

Ao todo, são despejados no ar da Grande Vitória 96.360 toneladas de poluentes pela Vale, ArcelorMittal e Belgo Arcelor, prejudicando o meio ambiente e a população, segundo os ambientalistas. Ao todo, são 59 os tipos de gases lançados, sendo 28 altamente nocivos à saúde, sem contar os poluentes particulados, inclusive com micropartículas, como as PM-2. E com as expansões esses números deverão crescer consideravelmente.

E, ao mesmo tempo em que a mineradora anuncia suas expansões, anuncia também medidas mitigadoras “para amenizar” o impacto que será gerado. Mas, segundo ambientalistas, tais medidas não serão suficientes para conter a poluição gerada pelas indústrias.

Os poluentes emitidos pelas poluidoras provocam as mais diferentes doenças na população da Grande Vitória. Entre elas, vários tipos de câncer, doenças alérgicas e respiratórias. Provocam ainda queda de imunidade em relação às doenças.

Fonte: Século/Flavia Bernardes