Com o objetivo de manter um fluxo de atendimento focado nas prioridades, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Tucuruí passou a utilizar uma classificação por meio de cores. O protocolo aponta o tempo mínimo de atendimento para cada paciente que procura a unidade, sinalizando um potencial risco de morte, agravos à saúde ou o grau de sofrimento. A intenção é sistematizar e melhorar o atendimento. Conforme explica o coordenador da UPA, Denis Alves, o protocolo de cores é uma sistemática que permite agilidade à dinâmica dos serviços por meio de cores preestabelecidas.
Havendo necessidade, o paciente poderá ser encaminhado para um hospital da rede de saúde, para realização de procedimento de alta complexidade. “O procedimento faz parte de um processo atual de humanização em atendimento”, observa ele.
A unidade segue a ordem estabelecida no protocolo de Classificação de Risco do Sistema Único de Saúde (SUS). O sistema de classificação de risco foi criado com o intuito de se evitar intercorrências entre os pacientes graves que são atendidos pelo SUS.
O chamado Protocolo de Manchester consiste em uma triagem dos pacientes que chegam aos hospitais e unidades de saúde. O atendimento deixa de ser por ordem de chegada e passa a ser realizado conforme a gravidade de cada caso. Assim, o profissional da saúde precisa orientar, encaminhar e fazer o devido acolhimento a quem procura a UPA.
Como funciona?
A identificação é feita pela equipe de enfermagem da unidade. Após a avaliação, os Boletins de Atendimento Médico já recebem cores que identificam o grau de risco:
Vermelha – indica risco altíssimo, com necessidade de atendimento imediato, tendo prioridade entre os demais. A previsão é de que o atendimento aconteça em até 10 minutos. Exemplos: Politraumatizado grave – lesão grave de um ou mais órgãos e sistemas; queimaduras com mais de 25% de área de superfície corporal ou com problemas respiratórios; trauma cranioencefálico grave; estado mental alterado ou em coma, com histórico de uso de drogas; comprometimentos da coluna vertebral; desconforto respiratório grave; dor no peito associada à falta de ar; crises convulsivas (inclusive pós-crise); intoxicações exógenas ou tentativas de suicídio; reações alérgicas associadas à insuficiência respiratória; complicações de diabetes (hipo ou hiperglicemia); parada cardiorrespiratória; hemorragias não controláveis; alterações de sinais vitais em paciente com sintomas diversos. Ou seja, pacientes em risco iminente de morte.
Amarela: significa urgência e demanda atendimento rápido, que deve acontecer em até 30 minutos. Exemplos: politraumatizado sem alterações de sinais vitais; trauma cranioencefálico leve; convulsão nas últimas 24 horas; desmaios; alterações de sinais vitais em paciente sintomático; idade superior a 60 anos; hemorragia moderada (controlada) sem sinais de choque; vômito intenso; crise de pânico; dor moderada; pico hipertensivo. Isto é, pacientes que estão se sentindo mal, mas não correm risco iminente de morte.
Verde: indica menor urgência, casos em que o paciente pode aguardar atendimento. Nessa situação, o atendimento pode acontecer no prazo de 120 minutos. Exemplos: asma fora de crise; enxaqueca – pacientes com diagnóstico anterior de enxaqueca; estado febril sem alteração nos sinais vitais; resfriados e viroses sem alteração nos sinais vitais; dor leve; náusea e tontura; torcicolo; hemorragia em pequena quantidade controlada (sem sinais de instabilidade hemodinâmica); drenagem de abscesso.
Azul: indica paciente sem urgência, aqueles que poderiam ser atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Nesses casos, o atendimento pode ser realizado em até 240 minutos. Exemplos: queixas crônicas sem alterações agudas; unha encravada; troca de sondas; aplicação de medicação externa com receita.
Maioria dos pacientes pode conseguir ajuda na Unidade Básica de Saúde
A maioria dos usuários que hoje procura a UPA 24h poderia ser atendida nas Unidades Básicas de Saúde que também atendem casos de urgência com menor gravidade. “Com o trabalho de conscientização, queremos mudar essa realidade. Se cada morador for direcionado à unidade correta, o serviço fica mais bem distribuído e, desta forma, reduzimos a fila e o tempo de espera”, explica Katiane Sarraf, secretária de Saúde do município.
Ao chegar à UPA, o paciente passa pela Classificação de Risco – primeira etapa do atendimento em que a equipe de enfermeiros faz uma série de perguntas ao paciente e a aferição dos sinais vitais. Após, os pacientes passam a aguardar por atendimento conforme a gravidade do caso. Classificados, os usuários recebem pulseiras nas cores: vermelha, amarela, verde e azul, designadas gradativamente conforme a gravidade.
É necessário identificar o grau de urgência ou emergência
A secretária salienta que não basta adotar o protocolo sem antes possuir materiais adequados e profissionais capacitados para realizar as triagens. Além disso, destaca a importância da conscientização da sociedade sobre os conceitos de emergência e urgência. “É evidente que a população quer um atendimento rápido, mas, algumas pessoas têm condições de esperar mais que outras e, por isso, o protocolo ajuda identificar pacientes com maior grau de urgência ou emergência”, acrescenta.
O médico Leonardo Lopes diz que a maioria dos casos registrados na UPA é classificada pela cor verde, que indica menor urgência. “Nesse caso estamos fazendo o papel de posto de saúde e assim abarrotando a fila de espera na UPA. Por isso é tão importante a conscientização da população para que busque pelos atendimentos clínicos nas Unidades Básicas de Saúde”, orienta o médico.
A paciente Elane Fernandes, moradora do Bairro Colorado, aprovou o atendimento. ”Fui atendida bem rápido. Fui bem orientada. Achei que o atendimento melhorou”, observa ela.
Quando procurar UPA
As UPAs funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, e podem atender grande parte das urgências e emergências. Presta atendimento resolutivo e qualificado aos pacientes acometidos por quadros agudos de natureza clínica. Presta o primeiro atendimento aos casos de natureza cirúrgica e de trauma, estabilizando os pacientes e realizando a investigação diagnóstica inicial para definir a conduta necessária para cada caso. Garante o referenciamento dos pacientes que necessitarem de atendimento.
Veja exemplos de quando você deve procurar uma UPA: febre alta, acima de 39 graus; fraturas e cortes com pouco sangramento; infarto e derrame; queda com torsão e dor intensa ou suspeita de fratura; cólicas renais; falta de ar intenso; crises convulsivas; dores fortes no peito; vômito constante.