Upper Dog, de Belém, prepara expansão do portfólio e quer ampliar exportações para novos mercados

Em janeiro, concluiu a compra da sergipana Adora Pet, expandindo para o Nordeste, após adquirir a Petiscão, em Minas, que atende o Sudeste. Negocia, agora, uma fábrica no Canadá
A Natural Farm é a marca usada pela Upper nas exportações, um sucesso de vendas na Amazon norte-americana

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A estrela empreendedora do jovem empresário paraense Marcelo Barbosa, de Belém do Pará, impressiona não apenas pelo tino comercial, como também pelo rápido crescimento de sua empresa, a Upper Dog, num ramo muito competitivo do mercado: o da alimentação Pet. O case de sucesso, se dá por várias razões, mas é principalmente pela qualidade de seus produtos, que a tornou um best-seller na gigante do e-commerce norte-americano amazon.com, comercializando a marca Natural Farm, segmento de mastigáveis para cães.

Na rota do crescimento meteórico, a Upper Dog, adquiriu, no fim de janeiro, a sergipana Adora Pet, num pacote entre aquisição e investimento na fábrica que abrirá as portas da empresa para o Nordeste, ao custo na casa de R$ 40 milhões. A Adora reforça a Upper para atender a região, já que a operação em Imperatriz do Maranhão era mais voltada ao Norte e Centro-Oeste. No Sudeste, os produtos saem da fábrica de São Sebastião do Paraíso, em Minas Gerais, enquanto a operação administrativa fica em Sorocaba, São Paulo. A companhia já tem centros de distribuição internacionais, como Atlanta e Miami, nos Estados Unidos.

Sudeste

A Upper já tinha comprado a mineira Petiscão e está negociando uma empresa no Canadá, no que pode ser sua primeira aquisição internacional. “Estamos abertos a novas aquisições. O M&A tem um poder incrível”, diz Marcelo Barbosa, o paraense fundador e CEO da Upper. Barbosa se refere ao processo de M&A, sigla para Mergers & Acquisitions, que significa “Fusões e Aquisições” (F&A) em português. No caso, a fusão ocorre quando duas empresas se unem para formar uma nova organização, enquanto a aquisição ocorre quando uma empresa compra outro empreendimento – e ambas são consideradas operações societárias.

Fabricação

Em plena expansão de mercado, a empresa não poderia se descuidar da industrialização de seus produtos. Ele diz que a atualização da fábrica em Imperatriz, no Maranhão, poupou dois anos em construção e ampliação de produção.

O crescimento da fabricação nacional ajuda a abastecer principalmente as exportações, principal canal de vendas, com 80% do negócio – puxado por EUA, Canadá e Austrália. A Upper também vai estrear em feiras especializadas na Europa, para buscar distribuição naquele mercado. “Os nossos critérios de produção, desde os ingredientes naturais às embalagens recicláveis, casam muito com o perfil do consumidor europeu”, diz o CEO.

Marcelo Barbosa, CEO da Upper: crescimento acelerado, sustentando por aquisições estratégicas

Portfólio

O portfólio de marcas inclui ainda Dogfy, Mr. Dry, Mr. Clean e Caninosso e a companhia atua também no modelo white label, produzindo para marcas de terceiros. Em 10 anos de operação, a Upper se tornou um dos principais fornecedores da América Latina de alimentos e produtos mastigáveis naturais, petiscos e tapetes higiênicos para cães e gatos.

O crescimento segue acelerado. No ano passado, com um salto de 45%, alcançou uma receita de R$ 550 milhões. Para este ano, a projeção – conservadora, garante o dono – é de R$ 700 milhões, o que vai representar alta de 27%. Nesse ritmo, a companhia bate seu primeiro bilhão em dois a três anos, antes de o fundador completar 30 anos de idade.

Barbosa já tinha o tino empreendedor desde a infância, quando comprava relógios na feira e vendida em rifas para os funcionários da empresa do pai, em Belém do Pará – estrategicamente perto das datas da folha de pagamento. Mas foi aos 17, quando sua então namorada e atual esposa engravidou, que ele viu que precisava montar um negócio formal. (O casal tem hoje três filhas.)

“A gente se casou e bateu aquela responsabilidade do adolescente virar homem”, conta Barbosa. Ele começou a cuidar da área logística da empresa da família, que atuava na produção de couro curtido, e viu um caminho para aproveitar um subproduto da indústria, que era o mastigável de couro. Sem plano de negócios estruturado, montou uma planta de produção com 20 funcionários.

As vendas começaram a aumentar e a Upper comprou uma planta desativada em Imperatriz, no Maranhão, transferindo a produção de Belém – o mercado de origem deixou de ter operação da companhia. O couro também foi substituído por partes mais saudáveis para os pets, como vergalho e esôfago bovino, que não tinham destinação na indústria frigorífica.

A linha de mastigáveis responde por quase 85% da receita, seguida de petiscos e itens higiênicos. A fábrica da Adora ajuda a adicionar algumas dezenas de milhões na categoria principal. No ano passado, a fábrica sergipana faturou R$ 20 milhões, mas a Upper avalia que consegue elevar o número para R$ 50 milhões já neste ano.

A Upper já foi avaliada em R$ 1 bilhão em uma abordagem de private equity — uma forma de investimento que envolve a compra de participações em empresas que não estão listadas na B3, a Bolsa de Valores do Brasil. Em outras palavras, é um tipo de investimento em empresas que não são negociadas publicamente, ou seja, que não estão disponíveis para investimento no mercado de ações.

Mas, de acordo com Marcelo Barbosa, com seu crescimento acelerado, resolveu esperar. A companhia tem trabalhado com o Bradesco BBI em potenciais prospecções para uma futura capitalização. “Estamos abertos a conversas, mas não temos pressa nenhuma. Hoje o foco é muito mais em adquirir”, diz.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.