O projeto da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, em Itaituba (PA), pode prejudicar o setor de mineração de ouro e diamante no Estado. Segundo o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da obra, o empreendimento terá impacto direto em garimpos regulares na região. Alguns deles, segundo o documento, se tornarão inviáveis com o enchimento do reservatório, que será responsável também pela remoção de 1,4 mil pessoas.
O Rima do projeto foi entregue ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na última sexta-feira (1) e será discutido em audiências públicas na região antes da avaliação final pelo órgão.
Com a capacidade revista para 8.040 megawatts (MW), São Luiz é a principal aposta do governo para o crescimento da oferta de energia hidrelétrica nos próximos anos e deve ir a leilão até o final deste ano.
O texto prevê o alagamento de 356 quilômetros quadrados de áreas de alta diversidade ambiental para o reservatório da usina, que terá, ao todo, 729 quilômetros quadrados. Inicialmente estimada em 6.133 MW, a potência da usina foi revista após estudos mais detalhados sobre a melhor localização da barragem e suas duas casas de força.
O enchimento do lago vai inviabilizar a atividade agropecuária e também a mineração nas margens do rio. Na área do empreendimento, há hoje 117 processos minerários em curso, em diferentes estágios de regularização.
“Independente da sua regularização, com a formação do reservatório, serão inviabilizadas as áreas de lavra em terra firme, pois em geral as flutuantes possuem condições técnicas para continuar atuando nas novas condições”, diz o relatório.
O texto identifica impacto direto em 46 processos de direitos minerários obtidos junto ao Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), nove deles em fase inicial de pesquisa. A maior parte refere-se à mineração de ouro e diamante.
Entidades ambientais temem o aumento do garimpo ilegal na região, diante das facilidades de infraestrutura que serão construídas para o projeto.
O consórcio vencedor do leilão terá que construir um porto e pavimentar uma estrada para o transporte de pessoas e materiais e construir novas habitações para as famílias que forem removidas. Uma linha de transmissão de 40 quilômetros, ligando a usina a uma subestação em Itaituba também será necessária.
A previsão é que 13 mil trabalhadores estarão no local no pico das obras, previsto para dois anos após seu início. Deste total, 4,5 mil devem ficar após o início das operações. Além de medidas compensatórias para minimizar as perturbações socioeconômicas, o Rima lista uma série de impactos positivos, como a geração de empregos e negócios para os moradores, melhoria na arrecadação e na infraestrutura local.
Entre as mineradoras que possuem projetos e operações na província mineral de Tapajós estão a Tristar Gold, com os projetos Castelo dos Sonhos e Bom Jardim; a Lara Exploration, com o projeto de ferro, titânio e vanádio Itaituba; a Serabi Gold, com a mina Palito e o depósito São Chico, ambos de exploração de ouro; e a Amerix Precious Metals, com o projeto de ouro Limão. Com informações do jornal Brasil Econômico.
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