Chamada pelos próprios servidores de “proposta indecente”, a oferta que o governo havia feito na manhã de sexta-feira (16) – aumento real de R$135,00 no Vale Alimentação – foi recusada por unanimidade. O funcionalismo público municipal compareceu em peso à Câmara de Vereadores de Canaã dos Carajás para uma assembleia extraordinária. Em pauta, a proposta feita pelo executivo e a decisão se o movimento grevista continuaria ou não. Os mais de 300 participantes mostraram revolta e já pareciam dispostos à recusa antes mesmo da assembleia começar.
Os líderes dos sindicatos de Canaã dos Carajás e a vereadora Vânia Mascarenhas (PDT) ocuparam os lugares na mesa diretora e tiveram a oportunidade de falar por 10 minutos. Vânia usou a tribuna para reafirmar um compromisso de que está do lado dos servidores públicos municipais: “Contem comigo sempre. Eles estão tirando os direitos de vocês! O dinheiro é do povo. Esse é o direito de vocês e estamos juntos para o que der e vier.”
Em sua fala, Sheury Barros, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Canaã dos Carajás (SISPUMCAC) elogiou a luta do funcionalismo público, mas também criticou alguns pontos: “É uma honra ver tanto empenho do servidor de Canaã. Nós realmente sabemos o que queremos. Hoje começou uma negociação com o governo, mas até agora ninguém falou em valores concretos, só nas perdas salariais.”
A fala de Sheury causou um desconforto entre outros líderes sindicais e também entre os demais servidores. Foi então que o professor Ademir Costa, representando o Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do Pará (SINTEPP), fez o uso da tribuna e, com cálculos sobre as perdas inflacionários ao longo dos últimos anos, falou: “Nós temos 31% de reajuste para brigar. Eu não sei vocês, mas eu vou atrás é desse valor de 31%. Nós queremos migalhas ou vamos atrás do pão? Os 27% de reajuste que o prefeito teve no salário é direito dele, mas os 31% é direito nosso! Portanto, eu quero convidar vocês a pensar bem. Se entrarmos em greve, talvez teremos que tomar medidas enérgicas que podem prejudicar não só Canaã, mas também todo o estado, o país e até o mundo.”
Ao fim da fala do professor, um coro de servidores gritou de forma entusiasmada: “É 31, é 31!”. Alguns funcionários públicos tiveram o direito de falar por dois minutos. Cada um sugeriu algumas propostas que foram anotadas em ata.
A greve será geral e terá início na próxima segunda-feira (19). Conforme manda a lei, o hospital municipal funcionará com apenas 30% do efetivo. Emergências e exames laboratoriais serão atendidos. De acordo com os sindicatos, a greve tem amparo da lei e só será suspensa quando houver uma proposta melhor do governo.