O ano de 2012 foi desafiador para a economia global, que em meio a um ambiente permeado por incertezas cresceu abaixo da tendência de longo prazo pelo segundo ano consecutivo. Uma das consequências do cenário macroeconômico adverso foi a queda generalizada dos preços de minérios e metais, com exceção do ouro, um metal precioso cujas cotações são influenciadas por outros fatores. Os preços do minério de ferro se tornaram muito mais voláteis, demonstrando grande volatilidade de baixa especialmente no terceiro trimestre do ano.
Nesse contexto, nosso desempenho financeiro foi afetado desfavoravelmente. Os indicadores financeiros caíram significativamente em relação a 2011, ano em que a Vale atingiu o melhor desempenho financeiro desde sua fundação em 1942. O lucro líquido básico atingiu US$ 11,2 bilhões, contra US$ 23,2 bilhões em 2011, e o EBITDA ajustado foi de US$ 19,1 bilhões, reduzindo-se 43,3%, sendo, porém, ainda assim o terceiro maior de nossa história. A redução foi devida quase totalmente aos menores preços em 2012, que causaram impacto negativo de US$ 13,8 bilhões no EBITDA ajustado.
Distribuímos dividendos aos acionistas no valor de US$ 6,0 bilhões, o segundo maior da história da Vale e o maior entre as grandes mineradoras em 2012. De acordo com a nossa política, no mês passado anunciamos proposta ao Conselho de Administração de pagar uma remuneração mínima ao acionista de US$ 4,0 bilhões em 2013, o que ainda se constitui em montante substancial.
Mesmo diante de um fluxo de caixa menor, além do pagamento dos dividendos, pudemos financiar US$ 17,7 bilhões de investimentos de capital e P&D, enquanto que mantivemos a estrutura de capital e o portfólio de dívida de baixo risco consistentes com os requerimentos do credit rating A.
O ramp-up de Moatize, Omã I & II e Bayóvar permitiu produção recorde de carvão, pelotas e rocha fosfática. A produção de minério de ferro no 4T12 foi a maior para um quarto trimestre, contribuindo para ampliar nossa exposição à recuperação em V dos preços de minério de ferro que ocorre desde meados de setembro de 2012.
Nossos embarques de minério de ferro e pelotas atingiram o nível recorde de 303,4 milhões de toneladas métricas. Além do aumento das vendas, nossa estratégia de marketing de minério de ferro com base na utilização de um sistema de distribuição global está contribuindo para geração de valor à medida que aumentam os preços de venda.
Começamos a cumprir os compromissos assumidos no passado. Tivemos um imenso avanço no processo de licenciamento ambiental, com mais de 100 licenças obtidas no Brasil. Elas permitirão a continuação das nossas operações e a execução de projetos importantes, como Carajás Serra Sul S11D, o qual implicará em aumento da oferta de minério de ferro a custo baixo e alta qualidade, a melhor do mundo, gerando mais valor e fortalecendo a nossa liderança incontestada no mercado global.
Simultaneamente, outro avanço importante ocorre nas questões relacionadas às pendências tributárias, que ao serem gradualmente solucionadas, eliminam riscos financeiros e liberam recursos para o foco na gestão dos negócios.
Dois novos projetos de cobre entraram em operação em 2012: Salobo e Lubambe. Salobo, em Carajás, uma operação de cobre com ouro, é um ativo de classe mundial, estando no primeiro quartil da curva de custos da indústria. Lubambe, desenvolvido via uma joint venture, é a nossa primeira mina de cobre no coração do rico copperbelt africano, a região com o maior potencial de crescimento no mundo para a expansão da oferta de cobre.
VNC, a nossa operação de níquel e cobalto na Nova Caledônia, está em processo de ramp-up e está se provando tecnicamente viável. A operação da segunda linha começou este mês e dentro de um mês poderemos confirmar a sua viabilidade econômica.
O ramp-up bem-sucedido de projetos será crítico para alcançarmos um alto desempenho do nosso negócio de metais básicos, somando-se a diversas iniciativas que estão sendo desenvolvidas para extrair o máximo de valor das operações existentes.
A transação envolvendo a venda de 25% do ouro pagável produzido como subproduto de Salobo durante a vida da mina e de 70% do ouro pagável produzido como subproduto de Sudbury pelos próximos 20 anos irá gerar US$ 1,9 bilhão em dinheiro no curtíssimo prazo. Além disso, receberemos warrants, com valor estimado de US$ 100 milhões, e US$ 400 por onça de ouro, que serão pagos à Vale conforme as entregas realizadas à contraparte, pela duração do contrato. Isto libera parte do valor substancial contido nos nossos ativos de metais básicos, demonstrando o firme compromisso e capacidade de maximizar valor para o acionista de forma sustentável.
A disciplina na alocação de capital, peça-chave na criação de valor para o acionista, está refletida no corte das despesas para pesquisa e desenvolvimento: a redução foi de 12% em relação a 2011 e de 36% em relação ao valor orçado para 2012. Estamos focando as atividades de P&D em oportunidades com potencial real de gerar altos retornos para os recursos alocados. Isto implicará um portfólio menor de projetos no futuro, aproveitando os nossos ricos recursos minerais de alta qualidade e utilizando a tecnologia como ferramenta para maximizar valor.
A inovação está se tornando um elemento importante da competitividade na indústria global de mineração. O projeto CORe foi implementado nas operações de Sudbury, envolvendo a simplificação dos fluxos do processo produtivo, com menores custos operacionais e maior recuperação de metal. Neste ano, Long Harbour, no Canadá, entrará em operação com um novo conceito tecnológico para a produção de níquel. Possui um processo integrado de produção com base em hidrometalurgia, que resulta em custos menores, maior eficiência e a eliminação das emissões de SO2 e de particulados. O uso do sistema de mineração sem caminhões nas nossas futuras operações em Serra Sul S11D é outra grande mudança tecnológica que reconcilia os objetivos de redução de custo e sustentabilidade.
O programa de desinvestimento de ativos non-core é outro componente do maior foco na disciplina de alocação de capital. Em 2012, o programa gerou US$ 1,5 bilhão, simplificando o portfólio de ativos e concentrando a atenção da administração nas questões realmente importantes para a maximização de valor.
Diversas medidas foram adotadas para minimizar a necessidade de capital de giro, com objetivo de liberar mais recursos para financiar a execução de projetos e aumentar a eficiência da gestão de capital.
Iniciativas para reduzir a estrutura de custos de forma permanente estão sendo perseguidas ativamente, mas será necessário algum tempo para que se observem mudanças materiais. Acreditamos firmemente que estamos no caminho certo e alguns avanços já podem ser vistos nos gastos de SG&A – que caíram 4,0% na comparação com 2011 e 30,3% no 4T12 em relação ao 4T11 – bem como no comportamento de materiais e serviços contratados, dois itens importantes do custo, que caíram US$ 251 milhões no 4T12 em relação ao trimestre anterior.
Na Vale, a paixão pelas pessoas vem em primeiro lugar. Saúde e segurança são prioridades absolutas, assim como a sustentabilidade e o apoio às comunidades onde operamos. A frequência de acidentes continua seguindo tendência decrescente, mas continuaremos a buscar um ambiente cada vez mais seguro para os nossos empregados. Em 2012, investimos US$ 1,0 bilhão em proteção e conservação ambiental e US$ 318 milhões em programas sociais destinados a melhorar a qualidade de vida e a criar oportunidades de mobilidade social e econômica.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Vale