De janeiro a junho deste ano, a mineradora multinacional Vale retirou das entranhas das serras de Carajás 85,794 milhões de toneladas (Mt) de minério de ferro, 4,2% a mais que as 82,36 Mt extraídas no mesmo período do ano passado. Puxada pelas operações em Parauapebas e pela retomada da atividade de sua mina em Curionópolis, a produtora do melhor minério comercial do globo triunfou.
As informações foram liberadas no final do dia de ontem (19) pela empresa, como balanço da atividade do 2º trimestre de 2021. O Blog do Zé Dudu analisou os dados do relatório, que traz informações relevantes sobre as operações da Vale no Pará. Cabe lembrar que a empresa e a economia paraense se misturam porque, hoje, sem ela, o Pará perderia, pelo menos, 40% de seu Produto Interno Bruto (PIB) e municípios como Parauapebas e Canaã dos Carajás simplesmente iriam à falência financeira, sem qualquer viabilidade econômica.
O avanço da produção física de minério da Vale no Pará foi puxado pela produção na Serra Norte de Carajás (localizada dentro do município de Parauapebas) e pela Serra Leste (Curionópolis). A Serra Sul (em Canaã dos Carajás) viu a produção encolher. O conjunto formado pelas minas de Parauapebas e Curionópolis produziu 52,216 milhões de toneladas de minério de ferro, em linha com o dado antecipado ontem pelo Blog do Zé Dudu, de que a produção seria superior a 50 Mt. No mesmo período do ano passado, a produção desse conjunto foi de 45,799 Mt. De um ano para outro, a produção saltou 14%.
Mas o crescimento traz uma preocupação socioespacial que poucos enxergam: quanto mais a Vale tira, menos minério fica. Atualmente, em Parauapebas, a mineradora lavra os corpos N4 e N5, os de maior volume medido, provado e provável. Esses corpos só têm minério para durar até 2037. Até lá, para evitar a paralisação total das atividades na Serra Norte, a mineradora terá aberto os corpos de N1, N2 e N3, que estão com planejamento avançado. A questão é que esses corpos têm tão pouco minério, do ponto de vista temporal, que serão esgotados em 7 anos, antes mesmo de N4 e N5 findar.
Restarão outros corpos de minério entre as matas da Floresta Nacional de Carajás, outros “enes”, mas também com volume inferior ao que hoje a mineradora consegue extrair de Parauapebas. É por isso que todas as atenções de médio e longo prazos têm se voltado a Canaã dos Carajás, cuja produção oferece custo-benefício menor, mantendo-se a qualidade da commodity fabricada na Capital do Minério.
Produção de S11D cai
A Vale viu a produção física da Serra Sul, sua menina dos olhos, diminuir no primeiro semestre deste ano em confronto com os primeiros seis meses de 2020. De acordo com a empresa, Canaã dos Carajás rendeu 33,578 milhões de toneladas em 2021, 8,2% a menos que as 36,564 milhões de toneladas do ano passado.
A mineradora explica que a queda na produção na mina de S11D, em Canaã, deveu-se ao efeito de uma conexão da instalação do primeiro de quatro britadores de jaspilito na mina. O segundo britador de jaspilito deverá ser instalado até o final do terceiro trimestre deste ano. Apesar disso, o baque de Canaã foi amortecido pela alta da produção em Parauapebas puxada pela melhoria das condições climáticas e, também, pelo forte desempenho em Curionópolis, cuja mina de SL1 atingiu sua capacidade total de produção de 6 milhões de toneladas por ano.
No mercado de cobre, tanto a mina de Salobo, em Marabá, quanto a de Sossego, em Canaã dos Carajás, viram a produção do primeiro semestre deste ano despencar em relação ao mesmo período do ano passado. Na mina de Marabá a produção foi de 72,8 mil toneladas, 12,8% abaixo da movimentação de 2020. Já na mina de cobre de Canaã a produção do semestre foi de 32,5 mil toneladas, 22,4% inferior.
Segundo a Vale, a baixa em Salobo é resultado de revisão de procedimentos de rotina e de restrição à movimentação na mina devido à menor disponibilidade de equipamentos. Já a retração no Sossego deveu-se a uma manutenção programada de duas semanas realizada no segundo trimestre, bem como problemas com um moinho.
Ações da Vale em Carajás
A Vale não para um segundo sequer em Carajás. Em seu portfólio, o produto principal — o minério de ferro — é pensado para longe. A empresa agiliza o licenciamento e a abertura de novas frentes de lavra, bem como acelera o passo na construção dos projetos do Gelado, Sistema Norte 240 Mtpa e Serra Sul 120.
CONFIRA O CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA VALE EM CARAJÁS
- 2021 – 2022: instalação de novos britadores para processar corpos minerais de jaspilito no S11D
- 1º semestre de 2022: start-up do projeto Gelado com capacidade de 10 Mtpa
- 2º semestre de 2022: start-up do projeto Sistema Norte 240 Mtpa, aumentando a capacidade do Sistema em 10 Mtpa
- 1º semestre de 2023: expansão de Serra Leste para 8 Mtpa de capacidade
- 2021 – 2023: solicitação de novas licenças e abertura de novas frentes de lavra
- 2º semestre de 2024: start-up do projeto Serra Sul 120
- 2025: Mudança da Usina 1 para processamento 100% a seco, impactando temporariamente a produção
3 comentários em “Vale aumenta produção em Carajás e faz previsões para região até 2025”
Eu acho que tanto as mineradoras e o município ganhariam muito com a extinção da pista dentro da Floresta Nacional e construíssem outra na região onde foi a primeira pista no município de Parauapebas – região de N1.
Preliminarmente, cabe-se ressaltar que a primeira pista de pouso na região de Parauapebas foi próxima à Vila Paulo Fonteles/Vila Sansão, pista a qual foi a única onde aterrissou o avião Douglas DC-3, aquele que hoje é destaque em frente ao aeroporto de Carajás no município de Parauapebas. Avião o qual participou da Segunda Guerra Mundial e completa 80 anos de existência neste ano (2022).
Considerando a abertura de vários “novos projetos minerários”, como Alemão, Furnas, Cururu, Paulo Afonso, Arraia, Paulo Afonso, Sapato, N1, N2, N3, Corte Sete,…
[14:38, 02/05/2022] S C: Acho que já tá na hora de um novo aeroporto p atender cargas na região de Carajás. Mineradoras e município ganharão… sendo este construído na região da primeira pista de Parauapebas – região da mina N1.
Preliminarmente, cabe-se ressaltar que a primeira pista de pouso na região de Parauapebas foi próxima à Vila Paulo Fonteles/Vila Sansão, pista onde aterrissou o avião DC-3, que hoje é destaque no aeroporto de Carajás – Avião da Segunda Guerra Mundial – 80anos (2022).
Considerando a abertura de vários projetos minerários, como Alemão, Furnas, Cururu, Paulo Afonso, Arraia, Paulo Afonso, Sapato, N1, N2, N3, Corte Sete, Polo, Barragem do Gelado etc… na região.
Considerando ser rota de áreas do ecoturismo, como: Águas Termais do Garimpo das Pedras, Observatório de Pássaros, Cavernas – Vestígio de civilização de 10 mil anos; área da futura maior tirolesa do país;
Considerando à Fauna e Flora em tirar um grande polo gerador de trafego de dentro de uma unidade de conservação (FLONA);
Considerando a grande evapotranspiração, que atualmente condensa sobre a pista e compromete várias viagens;
Considerando ainda, amenizar risco de acidentes, como: queda de árvores na estrada, além aos peculiares `as estradas sinuosas/ inclines
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