O Conselho de Administração da Vale deve discutir, em reunião agendada para esta terça-feira (14), a proposta da diretoria executiva referente ao pagamento aos acionistas da primeira parcela do dividendo mínimo de 2015, no valor de US$ 1 bilhão. A diretoria executiva da Vale anunciou, no fim de janeiro, o pagamento de US$ 2 bilhões em dividendos mínimos aos acionistas neste ano, o que representa redução de 52% em relação aos US$ 4,2 bilhões pagos em 2014.
A proposta de dividendos da mineradora determina duas cotas, a serem pagas em abril e outubro de cada exercício. Apesar de anunciada em janeiro, a proposta precisa ser aprovada pelo Conselho de Administração da empresa em reuniões realizadas nos dois meses de pagamento.
A Vale anunciou que, considerando a quantidade de ações em circulação em 27 de fevereiro deste ano, a proposta da primeira parcela de dividendo equivale ao pagamento do valor bruto de US$ 0,194 por ação ordinária ou preferencial. Caso o Conselho de Administração aprove o pagamento da primeira parcela, o desembolso de US$ 1 bilhão será feito no dia 30 de abril. Entre os analistas do mercado, há quem duvide se a segunda parcela, de mais US$ 1 bilhão, a ser apreciada pelo conselho em outubro, poderá ser alterada.
Segundo avaliação de fonte no mercado, a empresa deve honrar esse compromisso, apesar da recente queda nos preços do minério de ferro ter surpreendido até a própria companhia. Ontem o minério com teor de 62% de ferro ficou em US$ 48,82 por tonelada no mercado à vista da China. A redução nos preços tem provocado perdas de receitas para a mineradora.
O pagamento de dividendos ainda robustos e os pesados investimentos que a Vale terá de fazer em 2015 e 2016 levam analistas a prever que, no atual cenário de preços, a companhia deverá ter um fluxo de caixa livre negativo de cerca de US$ 2,4 bilhões neste ano e também em 2016. A conta considera que a mineradora só conseguiria colocar em caixa parte dos US$ 6 bilhões a US$ 7 bilhões que projetou obter com a venda de ativos ao longo deste ano.
O desinvestimento tem sido apontado pela Vale como uma maneira de cobrir o déficit no fluxo de caixa. Em 2015, a empresa projetou investir cerca de US$ 10 bilhões e pagar US$ 2 bilhões em dividendos.
No mercado, a avaliação é que se a diretoria executiva tivesse de definir hoje a política de dividendos para o ano, dificilmente o valor seria igual aos US$ 2 bilhões anunciados em janeiro. Neste momento, porém, não cumprir com o compromisso poderia representar perda ainda maior para a ação da mineradora, de acordo com outro analista. Até ontem, as ações preferencial e ordinária da Vale acumulavam perda de 21,37% e 16,75%, respectivamente, em 2015.
“Seria surpresa, algo não visto na história recente da companhia, se o conselho de administração anunciasse agora corte na proposta de dividendos submetida pela diretoria”, disse o analista. As informações são do Valor Econômico.