Vale e braço Salobo respondem por 85% da atividade mineral do Pará

Na geografia da mineração, Canaã dos Carajás pressiona Parauapebas, de quem deve tirar a hegemonia nos próximos cinco anos; concessão antecipada da EFC pode acelerar o processo.

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De cada R$ 1 invisível debaixo dos pés dos paraenses, 85 centavos são e estão sendo, neste momento, descobertos e retirados pela multinacional Vale, em forma de recursos minerais, que dão a volta ao mundo e retornam ao país e ao estado em forma de carros, eletrodomésticos, equipamentos eletrônicos, instrumentos cirúrgicos e outros artefatos que fazem parte da rotina do cidadão comum.

De janeiro a julho deste ano, R$ 38,788 bilhões saíram das entranhas do subsolo do Pará, a maior parte em ferro, cobre, bauxita e ouro. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu no emaranhado de dados sem ajustes da Agência Nacional de Mineração (ANM), que acaba de atualizar a lista das mineradoras que mais trabalharam a picareta nos primeiros sete meses do ano.

A Vale — uma das empresas de mineração mais poderosas do globo e líder mundial em minério de ferro de alto teor por conta das operações sediadas no Pará — produziu R$ 33,183 bilhões aqui no estado no período. Essa produção, conforme analisou o Blog, é dividida em duas frentes.

Uma parte decorre das operações no complexo de Carajás, exclusivamente nos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás, onde a empresa mantém empreendimentos de minério de ferro. Somam-se a esse pacote a usina de níquel em Ourilândia do Norte e a mina de cobre em Canaã dos Carajás, além da jazida de manganês em Parauapebas. A fatia que ilustra todo esse conjunto somou R$ 29,572 bilhões de janeiro a junho deste ano.

A outra parte da produção da Vale está em Marabá, no braço da multinacional dedicado ao cobre e que atende com outro CNPJ e com nome de guerra de Salobo Metais. Por meio dessa subsidiária, a Vale produziu R$ 3,61 bilhões. A mina de Salobo é a principal operação nacional atrás dos projetos de ferro.

Parauapebas pressionado

A deslocalização interna da mineração no Pará é o mais novo fenômeno que se espraia no radar da indústria mineral. A hegemonia de Parauapebas, até pouco tempo improvável de ser batida, começa a ser abalada pela pressão feita por seu vizinho e filho Canaã dos Carajás, município emancipado em 1994 como sobejo de quem o gerou.

Dos balanços anuais e relatórios de prospecção da Vale hoje se sabe que está dentro dos limites de Canaã o maior volume medido, provado e provável de minério de ferro, e não em Parauapebas. A ultrapassagem contínua e permanente de Canaã sobre Parauapebas é líquida e certa na próxima década. A dúvida é, agora, saber se isso vai ocorrer antes de 2025, já que se faz necessário a Vale dar um tapa no visual do projeto S11D para turbinar a capacidade nominal.

As atuais minas de Parauapebas, embora ainda muito produtivas, tornaram-se antigas e, por abrigar recursos rapidamente esgotáveis para os anseios da Vale, têm mais 16 anos de sobrevivência. Por isso, a Vale corre para começar a explorar os corpos de N1, N2 e N3, que, ainda assim, têm menos recursos para lavra que as minas atuais.

Em Canaã, por outro lado, a mineradora já está rascunhando a ampliação da capacidade operacional da mina S11D, atualmente de 90 milhões de toneladas por ano. A Vale quer 150 milhões e não medirá esforços para concretizar a empreitada, que deverá sair mais rápido com a garantia da concessão antecipada de uso da Estrada de Ferro Carajás (EFC). O projeto da empresa em Canaã dos Carajás chega a ser 50% mais econômico que todas as frentes de trabalho em Parauapebas. Atualmente, o maior desafio para uma expansão em S11D está na logística — um exemplo clássico de gargalo é a falta de duplicação da ponte rodoferroviária sobre o Rio Tocantins, na área urbana de Marabá.

Enquanto os municípios disputam a supremacia da produção mineral no Pará e no Brasil, a Vale é líder inconteste em todos os cenários e recortes geográficos. No Pará, quem mais se aproxima dela é a Mineração Rio do Norte, que rompeu R$ 1 bilhão em produção.

O Blog elaborou um ranking com as 15 mineradoras que mais ganharam dinheiro em solo paraense nos primeiros seis meses deste ano. Os valores são de dar água na boca. Confira!

MAIORES MINERADORAS PARAENSES | POR OPERAÇÕES FINANCEIRAS

1º Vale: R$ 33.182.719.537,07

2º Mineração Rio do Norte: R$ 1.016.474.011,58

3º Mineração Paragominas: R$ 983.096.941,66

4º D’Gold: R$ 706.687.390,65   

5º Alcoa: R$ 647.262.802,56

6º Confiança Metais: R$ 451.503.574,21           

7º Carol DTVM: R$ 290.147.600,59

8º Ourominas: R$ 250.275.682,48

9º Imerys: R$ 233.137.762,15

10º Serabi: R$ 176.628.527,86

11º Avanco: R$ 140.468.005,02

12º RBM Recuperadora: R$ 105.522.144,94

13º Coluna DTVM: R$ 84.691.834,64

14º Pará Pigmentos: R$ 69.479.497,07

15º Buritirama: R$ 67.671.797,56