De acordo com os integrantes da Cooperativa da Indústria Moveleira e Serradores de Parauapebas (COOPMASP), há mais de 20 anos a entidade luta para conseguir doação da madeira extraída da Floresta de Carajás, decorrente do processo de exploração mineral. Nos últimos meses, a união de forças políticas e o desejo da empresa de fazer a doação culminaram em um projeto piloto que disponibilizará 2.000 m³ de madeira para a cooperativa.
Para que a doação se efetivasse dentro da legalidade, foi necessária alteração na legislação estadual sobre o assunto, com isso, outros municípios poderão também ser beneficiados por conta desta mudança na Lei, aprovada pela Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), conforme detalhou o presidente da Casa, deputado Márcio Miranda, durante o evento de assinatura do Termo de Cooperação, realizado na manhã desta terça-feira (40), no Polo Moveleiro.
A Alepa foi acionada por representantes da Prefeitura de Parauapebas, Câmara de Vereadores, ICMbio, Vale e COOPMASP, que buscaram na Casa de Leis apoio para realização do processo de doação dentro da legalidade. “Quando chegamos com essa demanda, o deputado Márcio Miranda nos deu total apoio. Nos reunimos com o secretário de meio de ambiente do Estado e buscamos apoio de todos os legisladores daquela Casa de Leis para conseguirmos celeridade na aprovação da alteração da Lei”, informou o deputado Gesmar Costa.
Projeto Piloto
A primeira carga de madeira deve chegar ao Polo Moveleiro ainda nesta terça-feira (4); estava programada para chegar no momento do evento, mas, segundo os organizadores, não foi possível. De acordo com o empreendedor do ramo de movelaria, Elionai Barbosa, que atua desde a década de 80 no segmento, a carga de hoje é de 60 metros cúbicos.
“Era para chegar essa madeira agora, durante o evento, mas teve um atraso. O importante é saber que já está a caminho. Esta é uma luta de muitos anos, que chega ao seu final; foi feito todo o procedimento burocrático e agora é começar a madeira a cair aqui no pátio”, afirmou Elionai Barbosa.
As madeiras são de espécies variadas, oriundas de atividades de supressão vegetal, devidamente autorizada pelo órgão ambiental. O Termo de Cooperação estabelece que a madeira, após retirada da área da empresa, será de inteira responsabilidade da COOPMASP, incluindo beneficiamento e repasse às empresas moveleiras legalizadas.
Todo o processo será acompanhado por uma Comissão de Fiscalização, que terá como uma das suas atribuições a análise da documentação de regularização da Cooperativa junto ao Sisflora (Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais) e ao Ceprof (Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais).
Ambos os sistemas são primeira condição para a movimentação de madeira legal, constituindo um grande banco de dados, que tem como objetivo auxiliar e controlar a comercialização e o transporte de produtos florestais no Estado. Além disso, a Comissão deverá acompanhar o andamento das atividades, as movimentações e beneficiamento da madeira doada.
Com esse incremento, a expectativa é que sejam gerados 400 novos empregos, considerando as 85 movelarias em condições de se beneficiar com a assinatura do Termo de Cooperação. José Gilson Freitas é outro moveleiro que está no segmento há 10 anos − ele tem dois empregados atualmente e já prevê novas contratações com a chegada da madeira: “antes a gente não tinha como trabalhar, não havia matéria-prima legalizada, agora será diferente, estou muito animado, certeza que vou precisar de mais profissionais trabalhando comigo”.