Vale espera receber licença para Serra Sul neste mês

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Do Valor Econômico

A Vale espera receber ainda neste mês a licença de instalação (LI) do projeto S11D, de minério de ferro, em Carajás, também conhecido como Serra Sul. A informação foi passada ao Valor pelo presidente executivo da companhia, Murilo Ferreira. Esse projeto, com capacidade para atingir 90 milhões de toneladas ao ano, é uma das prioridades da empresa.

Ferreira disse que a Vale planeja a partir deste ano restaurar o crescimento da produção de minério de ferro da companhia, estagnada desde 2006 no patamar de 300 milhões de toneladas. “Este ano, entramos com o projeto que vai adicionar 40 milhões de toneladas em 2014, no Pará; com o projeto Itabirito, em Minas, e outros. Mas o megaprojeto S11D é a “menina dos olhos” do executivo. A expectativa é que entre em operação em 2017.

Nunca houve um projeto de minério de ferro dessa dimensão, admitem analistas do setor. O custo da tonelada é de US$ 15 na mina. Até a China, avalia Marcelo Aguiar, do Goldman Sachs, pode ficar em US$ 45, mais barato que o produto australiano. Vai garantir retorno para a Vale mesmo que o minério no longo prazo, a partir de 2015, baixe para US$ 85 a tonelada.

O executivo disse que trabalha para que 2013 seja um ano melhor para a mineradora do que foi 2012. Outras prioridades dele são ajustar a produção de metais básicos, com destaque para o níquel; a continuidade dos desinvestimentos de ativos fora do “core business” da empresa, parcial ou totalmente, como é o caso da VLI, de carga geral, em fase final de seleção de parceiros estratégicos, de ativos de óleo e gás e da participação na Norsk Hydro. Em fertilizantes, com a suspensão do projeto Rio Colorado, na Argentina, a meta agora é estudar um plano de longo prazo para o segmento de potássio. Quer ainda, nos próximos meses, resolver os passivos fiscais.

Na VLI, está em busca de sócios. “Está quase no final”. Ao todo, são sete interessados entre investidores estratégicos e financeiros. “Não sabemos ainda se vamos ficar só com 30%”, afirmou. Para Aguiar, do Goldman Sachs, se a geração de caixa da VLI for entre R$ 700 milhões a R$ 800 milhões, o negócio pode valer R$ 5 bilhões e se a Vale vender 40% pode surpreender o mercado levantando até R$ 1,5 bilhão. Já as ações da Norsk Hydro – 22% do capital da empresa – Ferreira disse que não pretende se desfazer delas a qualquer custo.

Em metais básicos, especialmente níquel e cobre, ele reiterou a intenção da empresa em reforçar esse negócio no portfólio da companhia, iniciado com a aquisição da canadense Inco em 2006. “Agora é tempo desses projetos produzirem. Estamos em fase de ganho de velocidade de produção dos projetos. E estamos pedindo ao segmento de metais de base é que viva às suas próprias custas e que ele nos pague dividendos”. O VNC, na Nova Caledônia, já está equacionado e prevê fazer 25 mil toneladas este ano. “O custo deste projeto vai se mostrar competitivo, tenho confiança”, disse.

Quanto ao projeto Onça Puma, no Pará, com capacidade de produção de 50 mil toneladas de níquel, a empresa assume que teve problemas técnicos muito graves com o projeto, envolvendo seus fornos de refino. “Isso não aconteceu só com a Vale. Optamos em parar a operação da usina porque não queríamos colocar em risco, caso houvesse uma explosão, nenhum funcionário”, disse. Vai ser retomado no quarto trimestre.

Segundo Ferreira, essa área da Vale foi muito castigada em 2012 porque a empresa começou muitos projetos ao mesmo tempo. “Devo dizer que estou confiante que a Vale vai pôr a produção de metais básicos em dia entre 2013 e 2015. Eu pretendo estar em 2015 operando com capacidade total nos projetos de níquel e cobre. Salobo, de cobre, no Pará, com 200 mil toneladas, e níquel, com 260 mil por ano”. Ele disse que a geração de caixa do níquel vai melhorar muito. “Estamos confiantes de que tudo terá uma grande evolução em 2013, mas os melhores resultados serão obtidos em 2014”.

O custo médio dos projetos de níquel da Vale estão em US$ 10 mil a tonelada, informou. O preço da tonelada do metal na bolsa de Londres é de US$ 17 mil.

Ele vai também neste ano monitorar o rumo das disputas políticas na Guiné, onde a Vale tem o projeto de minério de ferro de Simandou, no momento suspenso. E avaliar os desdobramentos na Argentina sobre o projeto de potássio e disse acreditar que o destino será selado até 18 de abril. A intenção da Vale é vendê-lo.

Ferreira está confiante que 2013 será melhor que 2012 para a mineração, mas não vê condições de o mundo voltar a crescer acima de 3,5%, com a crise na Europa, que, a seu ver, não deverá ter uma solução no curto prazo. E continua confiante na China, onde a Vale consegue fazer negócios.

Para Ferreira, as ações da empresa têm sofrido com a crise global e, internamente, com a questão dos tributos sobre coligadas e controladas. Para ele, os papéis da Vale têm perdido valor também devido à indefinição do marco regulatório do setor, com constantes adiamentos pelo governo. E apontou a volatilidade dos preços do minério de ferro no mercado mundial, com oscilação entre US$ 130 e US$ 160 a tonelada.

3 comentários em “Vale espera receber licença para Serra Sul neste mês

  1. carlos Silva Responder

    Gostaria de saber por que a vale não dar oportunidades pra nos que somos de idade?

    • Anônimo Responder

      “por que a vale não dar oportunidades pra nos que somos de idade” poderíamos extrair a resposta de sua pergunta, entretanto sugiro observar que as oportunidades estão em todos os lugares.

  2. MP Responder

    Devido ao prgmatismo desta diretoria e sua grande inercia para entender a dinâmica do mercado de ferrosos e não ferrosos seu valor de mercado despencou e suas ações hoje valem 60 % memos justamento 2,5 anos após esta diretoria assumir .

    O mercado puni o pragmatisno exacerbado!

    Vamos colocar brilho nesta locomotiva !

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