A Vale firmou parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) para a criação de três disciplinas voltadas ao estudo e ao desenvolvimento de pesquisas de interesse da companhia.
Na USP, o tema a ser estudado está na área de Engenharia, com foco em pesquisas sobre o desgaste provocado pelo contato entre roda e trilho na ferrovia.
Na Uerj, serão relacionadas ao direito tributário e ao direito regulatório. Nessa parceria, a Vale entra com investimento de recursos, com informações essenciais sobre o objeto de estudo e com o conhecimento adquirido ao longo do tempo em suas operações.
As universidades, usam sua experiência em pesquisa e sua excelência acadêmica no tema para promover o avanço do conhecimento sobre esses temas e aprofundar os estudos.
Pará e Minas Gerais, estados que fornecem a maior parte da matéria prima da mineradora, por se posicionarem contra a forma exploratória e sem as devidas compensações, seja no campo do conhecimento, ou verticalização da cadeia mineral, ficam sem investimentos que poderiam gerar valores através da contrapartida da mineradora em pesquisa e desenvolvimento.
Tanto o CEPEAD – Centro de Pesquisa Avançado da UFMG – quanto o Centro de Pesquisas da UFPA ficam fora dos recursos da Vale de formar discriminatória e estratégica. Isso para que ela não seja incomodada em suas atividades exploratórias de grande escala e baixo valor agregado, uma logica meio perversa com os estados produtores de matéria prima, sempre condenados a exploração sem a devida compensação no seu desenvolvimento tecnológico, principalmente na área de pesquisa e desenvolvimento.
No Pará e em Minas Gerais, a Vale continua com sua lógica perversa: planta uma coisa e pratica outra. Deixará às futuras gerações um local onde a sustentabilidade foi tema apenas nos discursos. Na prática, o que acontece é que agindo dessa forma, a mineradora evita transtornos, massifica e aliena com pipoca e circo a população das áreas minerárias.
Essa atitude tem um único propósito, o lucro.
Desenvolvimento, conhecimento, sustentabilidade regional e compromisso social a longo prazo gera custos, e esse é o calcanhar de Aquiles da Vale. Suas ações sobem porque o mercado sabe dos baixos custos da mineradora. Cláudio Alves, diretor global de Vendas para Ferrosos da Vale, disse outro dia durante a cerimônia de inauguração do terminal marítimo da mineradora em Teluk Rubiah, na Malásia, que “só os grandes fornecedores com ativos de classe mundial, alta escala de produção, eficiência e bons custos serão capazes de “sobreviver”.
O que Alves quis dizer ao Pará e a Minas Gerais é que teremos que continuar sem investimentos, salvo os no setor de expansão da produção, e que, ao fim da exploração, Pará e Minas que se virem para resolver os problemas deixados por esta exploração irracional. Enquanto isso, continuaremos a ver uma grande evasão das divisas com zero de valor agregado e um baixo, muito baixo retorno social.
1 comentário em “Vale faz acordo com USP e UERJ para financiar criação de disciplinas de seu interesse. Os estados produtores de matéria prima continuam sem nada.”
Uma triste realidade de nossa região, na verdade somos em parte culpados, assistimos a tudo isso passivamente, quem pagará essa conta? Resposta; Nossos filhos e Netos..