A mineradora multinacional Vale está financiando uma pesquisa do campus da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) em Parauapebas que investiga a utilidade de plantas nativas da Floresta Nacional de Carajás no controle da erosão do solo. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que identificou uma publicação no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (13) envolvendo o repasse de R$ 486.703,00 pela Vale ao Fundo de Apoio à Pesquisa (Funape) da Ufra (veja aqui).
O acordo que envolve o financiamento da pesquisa foi celebrado oficialmente entre as partes na última terça-feira (11) e tem vigência até dezembro de 2023. O estudo, cujo título completo é “Necessidade Hídrica e Controle de Erosão por Plantas Nativas da Flona Carajás”, teve a proposta de parceria sinalizada positivamente pelo Conselho Universitário (Consun) em 4 de dezembro, durante a 4ª reunião ordinária.
O estudo é importante para a Vale porque, além de colocá-la na dianteira do financiamento de estudos científicos em conjunto com uma instituição de prestígio na área de Ciências da Terra (no caso, a Ufra), ressignifica seu apoio público às ações voltadas à preservação do meio ambiente, tendo em vista um passado relativamente recente de catástrofes de repercussão mundial em decorrência do rompimento de barragens de rejeito em projetos de seu interesse.
Para a sociedade de Parauapebas e da região onde a floresta se espalha, a pesquisa pode contribuir com o conhecimento do solo e sua apropriação pelos vegetais, com a finalidade de implementar técnicas que garantam uma produção agrícola sustentável e que não degrade o meio ambiente.
O Blog levantou que a região de Carajás possui 1.108 espécies de plantas já catalogadas, distribuídas em 164 famílias. Um grande estudo que envolveu vários botânicos de diferentes instituições vasculhou a Flona de Carajás entre 2015 e 2017, durante 30 excursões, e contabilizou espécies espalhadas, sobretudo, nas cercanias dos corpos minerais situados na Serra Norte, em Parauapebas, e na Serra Sul, em Canaã dos Carajás.
Um artigo científico produzido por pesquisadores da área de Botânica, que atuam em instituições de pesquisa do Pará, intitulado “Cangas da Amazônia: a vegetação única de Carajás evidenciada pela lista de fanerógamas”, revela que na região de Carajás há um tipo de vegetação aberta, povoada por ervas e arbustos, associada a rochas com elevado teor de minério de ferro que ocorre nos topos de algumas serras. Essa vegetação, popularmente conhecida como canga, abriga uma diversidade florística com alto número de espécies endêmicas e adaptadas a condições extremas, como solo ácido e pobre em nutrientes, com altas concentrações de metais pesados, temperaturas elevadas e uma estação seca bem definida.