Brasília – Em uma apresentação para investidores em Nova York nesta quarta-feira (7), a gigante da mineração brasileira Vale S/A delineou uma mudança em direção a uma produção de minério de maior qualidade e valor agregado, enquanto reduz a oferta de baixo teor.
A segunda maior mineradora mundial de minério de ferro apresentou projeções de produção abaixo do esperado para o próximo ano e reduziu sua perspectiva de longo prazo, oferecendo suporte ao mercado global no momento em que a demanda chinesa aumenta.
Ao intensificar uma abordagem de valor sobre volume, a Vale dá um impulso à recuperação nascente nos preços da matéria-prima siderúrgica em um momento em que o presidente da empresa, Eduardo Bartolomeo, vê avanços da China na superação dos problemas com Covid no maior mercado asiático e maior cliente da mineradora brasileira.
A mineradora tem como meta uma produção de 310 a 320 milhões de toneladas para 2023, semelhantes ao nível deste ano, de acordo com notas divulgadas com a apresentação. Isso é menos do que o consenso de 325,6 milhões de toneladas entre os analistas. A Vale também divulgou uma nova meta de produção e vendas de minério de ferro de 340 a 360 milhões de toneladas para 2026, abaixo de uma meta de capacidade anterior de 400 milhões de toneladas.
“As margens estão substancialmente maiores”, disse o diretor financeiro Gustavo Pimenta em entrevista em Nova York. “Portanto, embora eu esteja em 340 a 360 milhões de toneladas, do ponto de vista da criação de valor, estaremos agregando muito valor aos nossos acionistas.”
Depois de perder o posto de produtora número 1 após o desastre de uma barragem de rejeitos em 2019, a produção da Vale é um importante fator de oferta no mercado global de minério de ferro.
A empresa, que tem lutado para obter licenças em suas operações no norte do Brasil, planeja usar a tecnologia de concentração para elevar seu teor de ferro de Carajás para cerca de 67%, e vê grande potencial na redução direta, que demanda minério de alto teor.
“Temos capacidade de infraestrutura”, disse Bartolomeo na entrevista à imprensa. “Se quisermos apertar o botão, podemos ir para 400” milhões de toneladas por ano, disse. “O que está nos segurando? Ainda estamos enfrentando problemas.”
Os contratos futuros de minério de ferro subiram cerca de 35% desde o início de novembro, com apostas de que as medidas da China para relaxar sua política Covid Zero estimularão uma recuperação da demanda que ganhará impulso em 2023. Os preços ainda registram queda de mais de um terço em relação ao pico de março em meio a preocupações com o mercado imobiliário da China.
Sem oferecer previsões de preço, Bartolomeo disse que o mercado é sustentado por estoques baixos, interrupções ao fornecimento e a perspectiva de produção chinesa de aço bruto estável acima de um bilhão de toneladas.
“A China está melhorando”, disse o CEO. “Temos muita informação de campo. Temos pessoas em Xangai. Temos pessoas em Pequim. Nós sabemos o que está acontecendo lá. A China está superando a Covid, como nós fizemos.”
Custos de produção muito mais altos também fornecem um preço mínimo mais alto para o mercado, disse ele. “Se chegar a US$ 70, muita gente vai sair do mercado.”
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.