A Vale deu início ao comissionamento do Projeto Gelado, em Parauapebas (PA), que produzirá pellet feed de alta qualidade a partir do reaproveitamento dos rejeitos depositados na barragem do Gelado desde 1985, ano de início da operação da Vale na região. Além de dar destinação sustentável ao rejeito, o projeto utilizará dragas 100% elétricas para extrair o material, evitando a emissão de CO2. A capacidade inicial de produção será de 5 milhões de toneladas por ano e o investimento é de US$ 485 milhões.
A fase de comissionamento, na qual estão sendo realizados testes de performance e capacidade com carga, deve durar até o final do primeiro semestre, quando a operação entrará em ritmo contínuo. Após a conversão da Usina 1 de Carajás para o beneficiamento da umidade natural, prevista para os próximos anos, o projeto Gelado poderá alcançar sua capacidade de 10 milhões de toneladas por ano.
Ao longo dos últimos 37 anos, a Vale vem produzindo minério de ferro em Carajás e depositando o rejeito na barragem do Gelado. Esse material é composto basicamente por partículas de minério de ferro, que não puderam ser aproveitadas no processo original de beneficiamento, e por impurezas, como a sílica e a alumina. Com o uso de dragas, o rejeito será retirado da barragem e enviado novamente para beneficiamento na usina.
O teor de minério do material extraído da barragem já é de 63%, considerado alto. Na usina, o minério será submetido ao processo de concentração magnética, em que um potente ímã separa as partículas ferrosas da sílica e da alumina, aumentando ainda mais sua qualidade. É a primeira vez que a concentração magnética é utilizada nas operações do Pará.
O produto final é um pellet feed que irá alimentar a pelotizadora da empresa, em São Luís (MA). A alta qualidade das pelotas fabricadas no local contribui para a redução de emissões de carbono dos clientes siderúrgicos quando comparadas com produtos de menor qualidade. A Vale tem uma meta de diminuir suas emissões de escopo 3 em 15% até 2035.
O caráter sustentável do projeto é reforçado pelo uso de dragas 100% elétricas, assim como bombas elétricas, que utilizam eletricidade proveniente de fontes renováveis em vez de combustíveis fósseis como o diesel. Dessa forma, o projeto deixará de emitir ao longo de 10 anos um total de 484 mil toneladas de CO2, o equivalente ao consumo por um ano de 105 mil carros populares de mil cilindradas movidos a gasolina. As dragas, de tecnologia holandesa, têm 46 metros de comprimento e pesam 364 toneladas.
“A questão ambiental esteve no foco desde a concepção do projeto Gelado”, explica o gerente de Operação do projeto, Roberto Francisco. “Além de desassorear a barragem, estamos reduzindo a quantidade de rejeitos na estrutura e transformando-os em um novo produto, evitando a necessidade de futuros alteamentos. Fazemos isso focando na redução da emissão de CO2”.
Cerca de 185 profissionais atuarão diretamente na operação. Um total de dez inspetores e operadores de máquinas receberam capacitação profissional na Holanda para atuar com as dragas. O investimento aprimorou o desenvolvimento de profissionais locais preparados para a prática da uma mineração com tecnologia de ponta e mais sustentável.
Josenildo Luis da Silva participou do treinamento na Holanda e, com 16 anos de experiência na área, está atuando como operador das primeiras dragas elétricas de Carajás. “Foi muito boa essa oportunidade de troca de experiências na Holanda, para melhorar os meus conhecimentos e para o meu crescimento pessoal e profissional. É muito desafiador participar deste projeto tão importante, que vai contribuir para o desassoreamento da barragem e que é ambientalmente muito positivo para a sociedade. E ter essa oportunidade de operar essas dragas, que são as maiores que já operei”, descreve.