A Vale desenvolveu um sistema para monitorar o clima em suas operações no Norte do país, que visa ampliar sua capacidade de prever intempéries. O objetivo da mineradora é reduzir riscos a trabalhadores e prejuízos à operação. O projeto, que teve início em 2011, receberá investimentos de R$ 4,7 milhões em pesquisa e infraestrutura até 2018.
Nomeado de Forecast Network, ou “rede de previsões”, o sistema de monitoramento começou a ser desenvolvido em 2011 pelo Grupo de Pesquisa em Mudanças do Clima do Instituto Tecnológico da Vale (ITV), em Belém (PA), e entrou em testes em agosto de 2013.
A ferramenta monitora as condições do tempo de maneira detalhada para as operações da mineradora, enquanto o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) faz previsões mais amplas.
Para as previsões do tempo, a Vale utiliza atualmente os dados de 22 estações meteorológicas do Inmet. O projeto prevê a construção de 12 estações próprias, sendo 10 meteorológicas e 2 hidrológicas, para controlar o nível de vazão dos rios. Até o fim deste ano, cinco delas serão inauguradas no Maranhão.
A produção e a logística de transporte do minério de ferro da Vale estão sujeitas a chuvas excessivas, aumento ou redução da vazão dos rios, ventos fortes e também a secas, que podem criar focos de incêndios ao longo das ferrovias.
Em maio de 2009, uma enchente elevou o nível do Rio Vermelho, em Marabá (PA), e inundou parte da Estrada de Ferro Carajás. A ferrovia leva o minério de sua maior mina até o terminal portuário de Ponta da Madeira, no Maranhão.
O objetivo da companhia com o Forecast Network é minimizar custos provocados por eventos naturais extremos e, principalmente, gerar ganhos operacionais cotidianos, dando subsídios para que áreas como logística, porto, segurança e meio ambiente tomem decisões com menor grau de incerteza e risco.
Diante da perspectiva de uma chuva muito forte, por exemplo, é necessário reprogramar operações para realizar trabalhos de contenção de deslizamentos, drenagem ou sinalização. Quando há previsão de chuvas com descargas elétricas, por exemplo, a manutenção da ferrovia precisa imediatamente ser suspensa por questões de segurança.
O pesquisador titular do Grupo de Mudanças do Clima do ITV, Luiz Gylvan, afirmou que eventos como o da ferrovia de Marabá ou a perda de um guindaste após uma ventania no Espírito Santo são raros, mas têm um alto potencial de danos. “O que o sistema busca é melhorar o processo de tomada de decisão operacional para obter ganhos diários e na média do ano”, disse.
De acordo com Gylvan, a mineradora planeja replicar a ferramenta também no sistema sul da Vale, que inclui as operações em Minas Gerais. Para isso, entretanto, será preciso calibrar os modelos de previsão para o sistema meteorológico da região. O processo é complexo e requer a análise de estatísticas dos últimos 30 anos, por isso, a expansão do projeto deve levar algum tempo. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo