Por Tiago Gambogi*
Se já não bastasse o prejuízo ao meio ambiente na região da Serra dos Carajás, no Sul do Pará, causado pela atividade mineradora, a empresa Vale lança novo programa cultural milionário que desconhece, ignora e massacra a cultura na região. No dia 17 de novembro, em Parauapebas (Pará), a Fundação Vale lançou o ‘Programa Cultural de Tucumã e Parauapebas’ – denominado inicialmente ‘Rede Carajás de Cultura e Arte’ até um dia antes de seu lançamento. Segundo seu material de divulgação, “a proposta é contribuir para a valorização dos setores artísticos e culturais, a qualificação de educadores e produtores, o aperfeiçoamento criativo e técnico de artistas da região e a geração de novas oportunidades de acesso da comunidade à produção cultural”, por meio de cursos gratuitos oferecidos ao longo de 2013. Utilizando palavras chave em propostas culturais como interdisciplinaridade, multiculturalismo, parceria, processos colaborativos e sustentabilidade, reúne profissionais competentes e traz uma proposta válida e positiva.
O projeto foi viabilizado por meio da Lei Rouanet pela Fundação Vale, tendo a Vale como patrocinadora e uma produtora do Rio de Janeiro, como executora. No entanto, a empresa comete erros inadmissíveis no processo de desenvolvimento do projeto – desde a pesquisa inicial sobre a demanda, os projetos já existentes, interesses dos grupos locais, até durante o seu próprio lançamento.
Iniciativa
A Rede Carajás de Cooperação Cultural é uma iniciativa com atividades na região desde 2009. Segundo seu manifesto, foi lançada em 2009 por iniciativa do Galpão de Artes de Marabá (GAM), que, em interface com diversos atores e organizações culturais atuantes em níveis regional, nacional e internacional construíram, num processo de quatro anos, um caminho possível para a promoção do desenvolvimento cultural regional por meio da colaboração mútua entre governo e sociedade.
A Rede Carajás abraça 12 municípios da Região de Integração Carajás em um recorte territorial feito pelo Governo do Estado do Pará em função de similaridade e proximidade entre os municípios – território de cidadania do sudeste paraense. Foi conveniada com a Secretaria de Estado de Cultura e Ministério da Cultura por meio do edital de criação de Pontos de Cultura do Pará (2008), ação vinculada ao Programa Cultura Viva e Mais Cultura do Governo Federal. Atualmente composta por mais de 60 grupos e organizações, tem representação junto à Comissão Paraense e à Comissão Nacional de Pontos de Cultura do Brasil. A Fundação Vale, no entanto, até três dias antes do lançamento do projeto, desconhecia a existência da Rede Carajás e nomeou o seu projeto: ‘Rede Carajás de Cultura e Arte’.
Pedido de Apoio
Seis meses atrás, membros da Rede Carajás se apresentaram e pediram apoio a um representante da Vale em Parauapebas. Ele elogiou o projeto e disse que seria exatamente o tipo de iniciativa que a empresa teria interesse em apoiar. Vários meses se passaram e nenhum prosseguimento nas negociações aconteceu, nem tampouco foi repassada a informação para a equipe no Rio de Janeiro sobre a existência do projeto. Da mesma forma, em Marabá, o setor de ‘Relações com a comunidade’ da Vale não sabia da existência do projeto da própria Fundação Vale, que foi desenvolvido e gerenciado pela equipe no Rio de Janeiro. Como é possível uma empresa como a Vale possuir tantos problemas de comunicação interna?
Após receber um convite eletrônico da Fundação Vale para o lançamento da ‘Rede Carajás de Cultura e Arte’, a Rede Carajás de Cooperação Cultural convocou uma reunião em Marabá na sexta-feira, dia 16 de novembro, com representante da Fundação Vale do Rio de Janeiro, dois artistas integrantes de seu projeto, dois membros da Diretoria de Relações com a comunidade (de Marabá) e artistas e organizações da Rede Carajás de Cooperação Cultural. Após exaustiva reunião, foi concordado verbalmente o seguinte: 1. o nome do projeto seria modificado; 2. a Fundação Vale realizaria suas ações já programadas no dia seguinte (sábado), mas não lançaria oficialmente o projeto e reiniciaria uma conversa e discussão com a já existente Rede Carajás sobre uma possível reformulação do projeto. No entanto, no sábado, a Fundação Vale cumpriu somente um dos pontos combinados: mudou o nome do projeto, mas foi adiante e lançou oficialmente o projeto bem na frente de vários artistas/membros da Rede Carajás. Como é possível uma relação de transparência e confiança com uma empresa que realiza ações dessa forma? E mais, por que não foi realizada uma pesquisa adequada e sistemática sobre os grupos locais e os projetos culturais já existentes – suas atividades, objetivos e interesses?
Atropelos
Da mesma forma como as comunidades indígenas na região de Altamira não foram consultadas de maneira adequada sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, artistas e organizações culturais na região de Carajás não foram consultados. Em Parauapebas, artistas envolvidos no projeto da Vale se pronunciaram e defenderam o projeto, falando sobre seus benefícios para o município e chamaram seus colegas de Marabá de oportunistas. É preciso ver que a Vale tem obrigações e responsabilidades com toda a região e não só com os municípios de Parauapebas e Tucumã. Seu projeto é orçado em 2 milhões e 700 mil reais para um período de atividades menor que um ano. Esse valor poderia ser utilizado facilmente em toda a extensão da região de Carajás.
A empresa Vale e o município de Parauapebas possuem uma relação peculiar, algo como uma codependência, na qual o município enriquece com a ação da mineradora e ao mesmo tempo é oprimido por seu poder avassalador.
Mais uma vez a Vale mostra a que veio: seu poder hegemônico compra tudo e todos, numa ação colonialista, com comunicação truncada, cheia de buracos e gastos inflacionados. Seu projeto é um verniz cultural absurdamente caro em relação ao qual a própria região de Carajás não foi consultada. Será que a empresa vê a cultura como minério? Artistas não podem ser atropelados pelos caminhões gigantes dessa transnacional.
Violações
É também alarmante como nenhum debate sobre a gravidade do impacto das ações da empresa no meio ambiente é realizado pelos artistas participantes. Como aceitar apoio da Vale – empresa com violações comprovadas, eleita a pior empresa do mundo em enquete promovida por ONGs em 2012. Aceitar apoio é legitimar essa situação. Do ponto de vista das políticas culturais, vê-se também que a Vale só tem a ganhar com a atual Lei Rouanet, por meio da qual seu investimento financeiro real é irrisório. Além disso, a empresa tem o poder de escolher quem vai apoiar. E o artista, quais escolhas tem? Quem não entrar na sua dança sai perdendo, quer dizer, dança! E cai!
Faz-se imperativo e necessário uma reavaliação das políticas de leis de incentivo e os editais das empresas. A cultura transforma-se em joguete, objeto, verniz cultural sobre a madeira podre de uma Floresta Amazônica cada vez mais inexistente, num cenário de impactos ambientais e mazelas sociais alarmantes. E a gravidade da questão ambiental? Quem se importa? Alguém ainda fala nisso? Claro que não! O progresso! Sim! Brasil! Ordem…e progresso, tá na bandeira pra gente lembrar, né? E os dilúvios, guerras, falta de comida, inchaço populacional, falta de saneamento básico e lixões ao deus-dará? Que venham então projetos culturais para entreter e aliviar um pouco a nossa dor.
“Milagres Brasileiros”
Se em 1972 o presidente Médici criou a Transamazônica, 40 anos depois, a ex-guerrilheira presidente Dilma prepara o segundo milagre brasileiro com direito à Copa do Mundo e às Olimpíadas. Vamos assistir nas nossas TVs de plasma, celulares touch screen e caminhonetes 4×4 ao som de muito sertanejo, samba e forró. A festa é quente até a Vale transferir todo nosso minério a preço de banana (90 reais a tonelada) para a China.
Ao invés de agregar valor ao minério – desenvolvendo pesquisa e tecnologia no Brasil – o país exporta em alta velocidade seus recursos naturais. Tirar tudo o mais rápido possível parece ser o mote da empresa. Com suas máquinas fotográficas poderosas, chineses virão ao Brasil assistir aos gols da seleção brasileira em novos e reformados estádios, entusiasmar-se no carnaval com nossas mulatas, e, depois, ir a Ipanema, comer sushi e tomar saquê enlatado com o alumínio extraído de Carajás. Carajás!? Será que ainda vai existir?
Eldorado, Belo Monte e Cultura
Em 1996, o massacre de Eldorado dos Carajás, o assassinato de 19 sem-terra pela polícia do Pará. Agora, Belo Monte está a todo vapor! O massacre dos recursos naturais já acontece desde 1500. E agora? O que falta? O massacre da Cultura. Será que ainda existe tempo para que toda essa monstruosidade cesse? Será que existe a possibilidade de um diálogo consistente entre a já existente Rede Carajás e a Fundação Vale para a criação de projetos e parcerias verdadeiras na região de Carajás?
* – Tiago Gambogi é coreógrafo, bailarino, performer e diretor de teatro, realizador do Projeto TRANS-AMAZÔNIA
8 comentários em “Vale massacra a cultura em Carajás”
Parabéns ao texto! Perfeito fantástico! Realmente nessa favela não tem gente competente para gerir C-U-L-T-U-R-A, temos que trazer profissionais de fora mesmo, pq os daqui não sabem nem sequer ler um livro,e os que se dizem ‘FORMADOS” fizeram por correspondência e/ou em cursinhos de quinta.
Marcelo Schnider, qual a favela que você mora?
Porque Parauapebas, pela idade que tem, é muito evoluída, as pessoas que aqui vivem são dinâmicas trabalhadoras, muitos jovens já fizeram faculdade aqui e fora daqui e fazem questão de contribuir na construção e no desenvolvimento local. Os produtores culturais locais que se colocam a disposição para contribuir no processo de desenvolvimento são pessoas muito responsáveis e competêntes. O que acontece quando recebemos uma interação como a que o Programa de Cultura da Fundação Vale vai nos proporcionar, chamamos de intercâmbio cultural porque temos a nossa bagagem de conhecimento para trocar com os produtores culturais que vem nos proporcionar a construção de novas aprendizagens. Não menosprese a nossa cidade, assim estará menospresanto a ti mesmo.
Sandra Santos
Sandra, seu comentário é irretocável.
Como produtora cultural desta comunidade, só posso agradecer e assinar embaixo.
Se algo investido é visto assim, imagine as iniciativas locais feitas para Ingleses, defender um bom trabalho desse povo daqui é Hipocrisia.
Sabe-se que essa iniciativa da vale não passa de uma obrigação, e que um projeto onde foi implantado aqui para duração de apenas umas 3 semanas não passar de um interesse próprio para iludir a justiça e os poucos que se integraram no projeto. Ainda registram o projeto amparado pela Lei Rouanet.
Leia o artigo, muito bom.
REDE CARAJÁS DE CULTURA SUBESTIMA PRODUTORES CULTURAIS DE PARAUAPEBAS
Moro em Parauapebas desde o ano de 1981 (inferninho) quando meus pais migraram do Km 30 (Curianópolis) para a precária comunidade, onde as moradias eram barracos construídos de pau a pique, cobertos de palha e lona, organizados nas duas margens da PA 275 sem pavimentação, no perímetro da ponte do Rio Verde á atual rua do comércio, a água utilizada era do igarapé ilha do coco (“sebozinho”) o quintal dos barracos eram um exuberante castanhal. Meus pais o Sr. Manuel conhecido por Piauí e D. Alice, eram bastante atuantes como agentes solidários, herdei o amor e a solidariedade pelo próximo e o valor ao trabalho. Compartilho o respeito da minha comunidade, dos meus colegas produtores culturais e de minha família (multiplicou-se bastante, desde então), porquê também os respeito.
Participo ativamente das discussões para o desenvolvimento cultural regional e municipal. Em 2004 percebi que nós produtores culturais éramos totalmente desarticulados, mobilizei o setor cultural por meio da ADLISP – Associação de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável de Parauapebas, para a realização do “I Fórum de Cultura de Parauapebas” da qual sou uma das fundadora. Um ano depois, para inclusão da cultura no processo de OP (Orçamento Participativo) realizamos o II. Participamos da I conferência Estadual e Nacional, com um numero significativo de delegados; participamos de duas conferências Municipais Locais, 3 Seminários Estaduais de Políticas para o Artesanato Paraense, do Fórum da Meso Região do Bico do Papagaio (MI) pelo qual conseguimos aprovar projetos para a região (em tramite para liberação de Recursos); da Construção do Plano Nacional de Cultura; da Confluência de Cultura da Região Araguaia. Temos conquistado varias parcerias, com diversas instituições: VALE/SEMED na realização do “Programa Escola que Vale” que partilhou com a comunidade escolar regional um patrimônio inestimável de conhecimento (participei de todo o processo); VALE/Museu Paraense Emilio Goeldi e SECULT para a conquista da “Identidade visual” a partir de imagens resgatadas em pesquisas arqueológicas e o grupo Mulheres de Barro o qual foi entregue o resultado à comunidade no dia 14/15 de 2012: qualificou artesãs para a produção de cerâmica e multiplicação de conhecimento para o Brasil e o mundo; IAP, SEBRAE, SEICOM, UFPA e SECULT para o desenvolvimento do setor de Gemas e joias (iniciado em 2005); ICMBIO/GIZ/SECULT para o desenvolvimento da produção de biojoias com selo de origem da matéria prima da Floresta Carajás (em tramite); e a parceria mais recente: Fundação VALE/SECULT para realização do Programa Cultural de Tucumã e Parauapebas. Para as ações de Parauapebas foi discutido intensamente desde 2011 entre a Fundação Vale, o Conselho Municipal de Cultura, a Secretaria Municipal de Cultura (participei de todo o processo), o resultado foi uma proposta que vai ampliar a qualificação profissional dos produtores culturais que aderirem ao programa, acesso cultural a centenas de jovens, campo de trabalho para vários produtores que estivem qualificação e outros que serão qualificados para realizar os cursos de iniciação; ampliar os apreciadores e ou consumidores de arte nos municípios.
O desenvolvimento cultural vem acontecendo, vezes com a participação de muitas pessoas e outras fazendo o trabalho de “formiguinha”, mas sem perder o foco e a responsabilidade com as demandas aprovadas pelos fóruns e conferências, visando o fortalecimento de iniciativas já existentes, o que está sendo também priorizado no programa (nos dois municípios beneficiados).
Contabilizamos muitas conquistas: a criação da Secretaria Municipal de Cultura de Parauapebas, implantada em 2010; o Conselho e Fundo Municipal de Cultura; Escola de Musica; Museu Municipal de Parauapebas. Temos em tramite a Lei Municipal de Incentivo a Cultura que vai permitir aos empresários investir em projetos culturais e descontar de seus impostos; aos produtores, maior poder de produção cultural e a comunidade acesso ao direito cultural tão necessário e eficaz na construção de um povo consciente e feliz. Para 2013 o foco será para implantação de infraestrutura, já garantidas no PPA 2010/2013 o que garantirá maior capacidade de atendimento ás demandas da juventude nos programas de educação cultural.
E tudo isso, não foi preciso os produtores “culturais conscientes de Parauapebas” invadir o gabinete de qualquer político, fazer “pactos” com instituições ou empresas quaisquer. Apenas
sabemos qual o local onde a nossa voz é ampliada, onde as nossas demandas tem chances de serem atendidas, que são os espaços independentes que nós tomamos as iniciativas de construir: os fóruns; a participação nas conferências com a responsabilidade de levar as demandas coletivas setoriais e a qualificação à produção cultural que faz parte de nosso dia a dia.
Por tanto Sr. Tiago Gambozi, não sei quem você é, nunca viestes a Parauapebas nos conhecer, dá uma palestra, ofertar os seus serviços em contribuição ao desenvolvimento intelectual dos produtores regionais. Observo que no seu infeliz texto comete “erros inadmissíveis ” quando:
1- Diz que a Fundação Vale não leva em conta as demandas locais. Para seu conhecimento o programa foi discutido exaustivamente entre a Fundação Vale, o Conselho Municipal de Cultura, a SECULT e produtores cultural do município de Parauapebas;
2- Colaca a Rede Carajás de Cooperação Cultural como se fosse o único caminho possível para o desenvolvimento cultural regional, quando na reunião de lançamento do programa em Parauapebas, nos acusando de traidores e toda aquela encenação ridicula;
3- Diz que a rede “abraça os 12 municípios da região de Carajás”, eu até concordo, se for considerar a difusão de informações via internet que a rede Carajás Visual faz. As ações que aconteceram aqui no município foram: uma roda de conversa sobre Cultura Solidária, uma visita para construção de um cadastro dos produtores de artes visuais. No GAM em Marabá, participamos de duas ações: um curso de Cultura Solidária (02 pessoas) e uma oficina de pintura em tela (05 pessoas), acredito que as ações realizadas foram possíveis a partir de captações de recursos públicos, que alias, a regionalização territorial serve para engordar as captações e nós nunca questionamos tal item, quanto custa isso ou aquilo, quanto cada pessoa está ganhando, muito pelo contrario sempre ficamos agradecidos e não medimos esforços para participar (as despesas sempre foram pagas por quem participou). isso em 4 anos, como faz questão de citar. Vejo a educação como alforria, liberdade, autogestão. Deveriam ficar orgulhosos de nós termos evoluído como produtores culturais, de andar com as nossas próprias pernas, construindo as próprias parcerias;
4- Diz que “…pediram apoio a um representante da Vale…” Uma rede tão articulada, deveria saber quais os tramites para “cadastrar” projetos com a intenção de captar recursos, principalmente junto à empresas do porte da VALE. De acordo com o relato,” 6 meses atrás” foi a tal conversa, o que nos dá um tempo dobrado desde o inicio das discussões do Programa no município e mais uma margem do período em que foi aprovado pelo Ministério de Cultura;
5- “…possível reformulação do projeto” Como assim? E o nosso direito?, a nossa autonomia?. Quer dizer que a rede é soberana sobre nós?. Se o Programa atende demandas de Parauapebas e Tucumã, porque deveria fazer levantamento em Marabá?. Estamos sendo colonizados pela rede? Peço imediatamente minha carta de alforria!
Quando os editais são colocados á disposição dos captadores, principalmente quando são dos Ministérios, seus objetos são orientados Pelas demandas apontadas nas Conferências Nacionais e também pelo Plano Nacional de Cultura que nos próximos 10 anos tem a missão de implementar demandas em percentuais em todas as linguagens. Quando a rede vai captar recursos, não é ela quem dita as demandas, o projeto é construído conforme o edital que está aberto. Nas poucas ações que participamos pela Rede Carajás não foi feita “uma pesquisa adequada e sistemática sobre as nossas demandas” conforme cobrança. A Fundação captou o recurso para a realização de um programa de cultura em Tucumã e Parauapebas e através da discussão com o público de Parauapebas a ser beneficiado (produtores) foram inseridas ações de fortalecimento ao desenvolvimento cultural local;
6- “artistas envolvidos no projeto da Vale se pronunciaram e defenderam o projeto”, “chamaram seus colegas de oportunistas” qual o crime cometido ao aderir a um programa que foi captado e construído para a nossa comunidade? Oportunista sim, porque os insultos estavam vinculados à cifra do projeto e não a qualquer outro item;
7- “Como aceitar apoio da Vale”, “Aceitar apoio é legitimar essa situação” é um discurso pelego. Ficou claro que a rede quer mesmo é assumir o programa e decidir como deve ou não ser gasto o recurso. Na reunião de lançamento, ouvimos várias vezes alguém da rede falar de um “pacto” que haviam feito e que queriam garantias. Não foi revelado o conteúdo do pacto. E ainda temos que ler um discurso que cobra “transparência e confiança” ; O Programa de Cultura vai está á disposição da população de Parauapebas e Tucumã em breve, com ações de qualificação profissional e de iniciação, ao qual a participação será por adesão, como em qualquer programa, ninguém é obrigado a participar, mas os produtores que quiserem crescer como profissionais do setor cultural, devem aderir ao programa, sim. Conhecimento nunca é demais e nos permite fazer escolhas. No setor cultural, quanto mais qualificados, menos alienados seremos;
8- “…reavaliação das políticas de lei de incentivo” porque a rede não encabeça essa mobilização para as mudanças? Mobiliza a classe política para reformular a constituição? Sim, porque todos esses processos citados são legítimos, garantidos por lei, autorizados por licenças… No discurso é muito fácil querer reformular o mundo. Ponha a mão na massa. Sugiro que comesse pelo mais simples, respeitando as outras pessoas, os colegas de profissão, mesmo que estes estejam fora da “rede”;
9- “…criação de projetos e parcerias verdadeiras na região de Carajás ” Penso que há tempo para tudo, inclusive para engolir tudo que escreveu. Como se atreve a ser tão desrespeitoso? Quer dizer que não temos capacidade para realizar uma parceria ou um projeto de “verdade”? Sugiro que comece pedindo desculpa aos produtores culturais que está ofendendo;
Por: Sandra Santos
Graduada em Pedagogia (UNAMA), Design Industrial (CEFET), Pós Graduada em Gerenciamento de Projetos (FIJ/RJ), qualificação em Arte e Cultural pelas instituições: CEDAC/SP, Fundação Curro Velho, IAP, SEBRAE, GAM, Museu Paraense Emilio Goeldi/PA; Fundação Getúlio Vargas.
Jorge Clésio, “desse povo daqui” e os “poucos que se integram”??
A qual povo pertence? Você conhece algum desses que se integram?
Convido você a fazer parte também, para ser mais antenado, inteligente e feliz. A educação Cultural vai no mínimo te sensibilizar para o respeito ao trabalho dos outros e te fazer refletir sobre o sentimento de pertencimento ao lugar onde vives.
Fantástico o texto. parabéns!!
Rafael, o texto não é fantástico coisa alguma.É ofensivo!
Sandra santos