A Vale criou um programa de mineração circular pelo qual planeja recuperar cerca de 7 milhões de toneladas de minério de ferro com reaproveitamento de rejeitos e estéril em 2024. Com investimento em inovação e sustentabilidade, o programa tem entre seus objetivos ampliar a extração de minério a partir de pilhas e barragens já existentes, otimizar o processamento mineral para reduzir a quantidade de rejeitos e estéreis gerados e desenvolver coprodutos, como areia e blocos para construção civil.
Embora as práticas para o melhor aproveitamento dos recursos e redução de rejeitos já façam parte do dia a dia das minas operadas pela Vale, a criação do programa de mineração circular permitiu mensurar os resultados de maneira integrada.
Foram mais de 100 iniciativas mapeadas por meio das quais se identificou, entre janeiro e junho de 2024, cerca de 2 milhões de toneladas de minério de ferro, além de uma economia de aproximadamente R$ 100 milhões de custo evitado, ao eliminar etapas de transporte de rejeitos para pilhas e barragens, no mesmo período.
“Nosso programa visa maximizar o aproveitamento de minério de ferro nas reservas, reduzindo a geração de rejeitos e gerando valor para a Vale e para a sociedade”, informa Rafael Bittar, vice-presidente executivo técnico da Vale. Segundo ele, a mineração circular é um assunto relevante para empresa e para o futuro da mineração, pois está relacionada com dois temas estratégicos para o setor: a sustentabilidade, tanto em termos de meio ambiente, quanto em relação às comunidades próximas à mineração, e à forma como as mineradoras operam, atendendo às demandas atuais da sociedade.
O processamento a úmido do minério de ferro, que é utilizado atualmente em menos de 30% da produção da Vale, gera rejeitos, que são dispostos em barragens e pilhas. Durante a lavra, ocorre também a movimentação de estéril, e com os avanços tecnológicos do programa, a empresa vem aumentando o aproveitamento desses materiais.
No campo da inovação, graças à implementação de novas tecnologias de sondagem, tem sido possível expandir o conhecimento geológico sobre recursos minerais anteriormente desconsiderados e que agora poderão ser incorporados no plano de produção por meio da identificação do seu valor comercial.
Por meio das iniciativas do programa de mineração circular, a expectativa é que a Vale evite a emissão de 1,9 Mt de CO2 até 2035. Isso equivale ao que 1,2 milhão de automóveis populares emitem durante um ano.
Mineração circular na prática
A economia circular aplicada à mineração busca transformar a abordagem linear de extrair e descartar em uma abordagem circular de reaproveitamento onde os materiais são continuamente reutilizados e reciclados, desenvolvendo a circularidade do processo.
Em Minas Gerais, a mineração circular está viabilizando a eliminação das pilhas de estéril da mina de Serrinha. O material está sendo transportado para a usina de Mutuca, em Nova Lima, para reaproveitamento. Em Serra Norte, no Pará, na operação do Gelado, está previsto o reaproveitamento de 138 milhões de toneladas de rejeitos de minério de ferro da barragem Gelado para produzir pellet feed de altíssima qualidade. O objetivo no Gelado é reduzir 62% do rejeito total dispostos na barragem acumulados em 37 anos de operação.
Coprodutos: areia e blocos
Um outro benefício do programa são as iniciativas de coprodutos, que possuem potencial de gerar um novo destino para subprodutos como a areia em blocos de pavimentação e areia comercial para a construção civil.
Em 2023, foi criada a empresa Agera para desenvolver e ampliar negócio de Areia Sustentável da Vale. Após sete anos de pesquisa, o coproduto começou a ser produzido em 2021 como substituto da areia extraída do meio ambiente. Desde então, já foram destinados ao setor de construção civil e a projetos de pavimentação rodoviária cerca de 2,1 milhões de toneladas de areia sustentável. A expectativa é comercializar aproximadamente 1,8 milhão de toneladas de areia sustentável até o fim de 2024.
Outro destaque é a Fábrica de Blocos do Pico. Inaugurada pela Vale em 2020, trata-se de planta que transforma rejeitos da mineração em blocos para construção civil. Localizada na Mina do Pico, em Itabirito, Minas Gerais, a fábrica promove a economia circular ao reaproveitar cerca de 30 mil toneladas de rejeitos por ano, produzindo 3,8 milhões de itens como pisos intertravados, blocos de concreto e placas de vedação. O projeto contribui para a sustentabilidade ambiental e, também, oferece uma alternativa ao uso de areia natural, um recurso cada vez mais escasso.
(Ascom Vale)