Operadores do mercado financeiro assistem, nesta quarta-feira (17), o que pode ser o sexto pregão negativo seguido da Bolsa Valores (B3), cujo índice não caiu ainda mais graças às ações da mineradora Vale S/A, que figuram na ponta positiva do Ibovespa (IBOV), após divulgação dos números “sólidos” de produção no primeiro trimestre de 2024. Às 12h53, os papéis da companhia eram negociados com uma valorização de 1,95%, a R$ 62,60.
Em minério de ferro, a companhia apresentou um forte desempenho operacional, avaliam as corretoras Ágora Investimentos e o Bradesco BBI. A melhoria anual foi explicada por uma boa performance do projeto S11D, no estado do Pará, iniciativas contínuas de confiabilidade de ativos e maiores compras de terceiros.
Como resultado, a Vale reiterou sua orientação de produção da commodity para 2024 de 310 milhões a 320 milhões de toneladas.
Os analistas dão destaque às vendas de minério e de pelotas, que aumentaram 15%, para 63,8 milhões de toneladas, explicadas por bases de comparações mais fáceis. Os preços realizados foram mais fortes do que o esperado, o que representa um risco positivo para a estimativa de Ebitda — soma dos lucros da empresa antes de subtrair os juros, impostos, depreciação e amortização —, de US$ 3,1 bilhões no trimestre.
O resultado do primeiro trimestre de 2024 (1T24) da Vale pode traçar novos rumos no mercado brasileiro. Analistas vão comentar as perspectivas para os papéis da Vale após a divulgação do 1º balanço do ano, pauta acompanhada pelo Blog do Zé Dudu.
A Ativa Investimentos, por exemplo, avalia que o ponto negativo ficou com a qualidade e os prêmios da commodity, que decaíram. Além disso, na divisão de metais básicos, os números de cobre e níquel seguem aquém do esperado. A produção de níquel diminuiu, devido às paradas em Onça Puma, também no Pará, por questões ligadas a renovação de licenciamento ambiental, enquanto a de cobre aumentou em relação ao mesmo período de 2023 em meio ao contínuo avanço da mina de Salobo III, complexo localizado no Pará.
“Apesar dos menores prêmios em minério de ferro e do menor desempenho em metais para transição energética, as diferenças positivas em vendas e preço médio de minério de ferro somadas à maior contribuição de pelotas devem fazer com que os números deste 1T24 sejam recepcionados de forma positiva pelo mercado”, avalia Ian Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
Ágora e Bradesco seguem com recomendação de compra de ações da Vale, uma vez que veem um valuation (ferramenta amplamente utilizada no mercado financeiro para avaliar empresas, seja em caso de compra e venda ou até mesmo para investidores que estão pensando em adquirir o papel e utilizam este método para analisar se suas decisões fazem sentido, em cenários de curto, médio e longo prazo) atraente e bons fundamentos do mercado de minério de ferro no curto prazo. Já a Ativa tem indicação neutra, com preço-alvo em R$ 75/ação ordinária.
Para os analistas, a produção de minério de ferro foi um dos destaques do trimestre. A Vale produziu 70,8 milhões de toneladas da commodity.
“A produção do 1T24 representa o alcance de 22,5% do meio do guidance (frequentemente, é divulgado junto com o relatório de ganhos trimestrais ou na demonstração financeira anual da empresa) anual entre 310 e 320 milhões de toneladas. O alcance dessa marca em um trimestre sazonalmente desfavorável confere tranquilidade para a empresa alcançar seus objetivos de produção de finos de minério de ferro neste ano”, avalia o analista da Ativa.
Já as vendas de minério e os preços também vieram acima do esperado. As vendas subiram 15%, a 52,5 milhões de tonelada, e os preços realizados foram de US$ 100,7 por tonelada, apesar da queda anual média de 7,3% da cotação internacional.
Rafael Barcellos e Renato Chanes, da Ágora e do Bradesco, avaliam que a oferta restrita deve impulsionar o minério no curto prazo. A demanda, por sua vez, tem mostrado alguns sinais encorajadores, como as taxas de utilização de capacidade instalada mais altas na China e a melhoria contínua nas margens das siderúrgicas chinesas.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.