Até os marcianos e os seres lunares estão atentos à fofoca e às especulações generalizadas sobre o próximo concurso da Prefeitura de Parauapebas, uma das mais ricas do Brasil e que, por isso, despeja mensalmente à conta de servidores ganhos salariais que atraem feito ímã. Nem o Executivo federal está dando conta de pagar salários em cargos equivalentes.

No último final de semana, a prefeitura ― sob pressão do Ministério Público, do Judiciário e de entidades sindicais para realizar concurso público ― deixou “vazar” o que seria o desenho do primeiro concurso, de uma série que a equipe do prefeito Darci Lermen pretende fazer para começar a repor cargos vagos e substituir cerca de 7.500 temporários que hoje povoam toda a Administração, tanto a direta quanto a indireta.

A prefeitura possui hoje uma vez e meia mais servidores não estáveis que concursados, e o crescente ritmo de sua folha de pagamento, com explosão de temporários nos últimos cinco anos, aliado a denúncias de entidades sindicais, chamou a atenção dos órgãos fiscalizadores. Atualmente, um decreto de contenção de despesas proíbe expressamente os órgãos do Poder Executivo municipal de fazer qualquer nova contratação de pessoal, mas nem por isso o governo deixa de ser acusado de estar fazendo contratação “por debaixo dos panos”.

Colocada contra a parede, a prefeitura se mexeu e começou a organizar concursos escalonados, a fim de garantir que o máximo de parauapebenses consiga passar em algum deles. E a lista com os cargos do possível primeiro certame, com papel timbrado da prefeitura para dar credibilidade, deu o que falar.

É que muita gente esperava uma coisa e veio outra. Esperava-se, por exemplo, que o primeiro concurso fosse destinado ao preenchimento de vagas dos cargos de auxiliar de educação infantil, auxiliar operacional, cuidador social, monitor social, entre outros para os quais não há de jeito algum ou praticamente não há concursado.

Mas uma outra parte dos candidatos ficou feliz e animada. E muitos já correram para lotar os cursinhos a fim de repassar conteúdos. É o caso dos que esperam pelo concurso de professor e agente de trânsito, cargos com os mais altos salários médios da lista que correu na boca do povo no último final de semana. Em Belém, há cursinhos inteiros se dedicando exclusivamente aos concursos de Parauapebas em função dos salários.

Ainda hoje, o print com as vagas do talvez concurso da Capital do Minério roda exaustivamente grupos de WhatsApp de cidades paraenses, bem como de estados como Maranhão, Tocantins, Goiás, Piauí e Minas Gerais ― e certamente de outros lugares aos quais o Blog não teve conhecimento ―, encaminhada sempre com a frase “Olha aí, fulano, o concurso lá da prefeitura do Peba-Pa! Bora fazer!”.

Salário médio por cargos

A expressão “os salários da Prefeitura de Parauapebas” faz brilhar a menina dos olhos quando se escuta. Há cinco anos, os salários da vizinha Prefeitura de Canaã dos Carajás chegaram a alcançar os de Parauapebas em alguns cargos, mas a senhora Capital do Minério impôs distância à filha Terra Prometida. Canaã só ganha, por enquanto, no cargo de engenheiro civil, conforme levantamento do Blog do Zé Dudu.

O Blog aproveitou o ritmo do vazamento para fez compilação dos salários médios livres de deduções que atualmente são pagos nos cargos que possivelmente hão de vir no primeiro concurso. As médias têm como parâmetro a folha de pagamento de julho e todos os salários líquidos pagos dentro de cada carreira.

Isso implica dizer que há servidores que podem ganhar um pouco menos ou até muito mais, ainda assim todos gravitam nos valores médios reportados, dentro dos quais já constam vale alimentação e gratificações que eventualmente existam referente às funções. Os valores médios, aliás, poderiam ser ainda maiores caso não fossem considerados os descontos decorrentes de empréstimos consignados que os servidores efetivos possuem.