Por Eleutério Gomes – de Marabá
Muito tem se falado, durante debates no Legislativo marabaense, do homem do campo, da agricultura familiar, de estradas vicinais e outros assuntos relacionados à Zona Rural. Mas, será que temos hoje em Marabá e região o que se pode chamar de agricultura familiar? Quem responde é o vereador Alécio Stringari (PSB) – ou Alécio da Palmiteira -, que chegou em 2016 ao terceiro mandato consecutivo, tendo sua base eleitoral no campo, onde vivencia diariamente os problemas, as angústias e as esperanças da população que vive distante da sede municipal.
Catarinense, com quase 20 anos em Marabá, filho de colonos, ele afirma que não há agricultura familiar no município nem na região, como há nos estados do Sul e Sudeste do País, uma vez que tudo aqui começou e continua errado. “O agricultor, num primeiro momento, foi assentado em uma área onde só havia mata”, diz o vereador.
Ele explica que o assentado não teve o planejamento para que só desmatasse o percentual que a lei permite, 20%. E, no afã de poder plantar todo ano, numa área que não tinha condição de fazê-lo porque não havia mecanização, passou a derrubar a mata, fazer queimadas e cometer outras irregularidades para que pudesse produzir alguma coisa.
Sem logística
“O que aconteceu? Ele não teve apoio na mecanização e sem mecanização é inviável. O governo não teve o comprometimento nem a responsabilidade de saber que, para barrar o desmatamento, tinha de dar outra dinâmica e uma estrutura para o agricultor que está na ponta”, argumenta. Esse foi um grande problema, segundo Alécio, sem considerar que, num primeiro momento, o agricultor familiar teve um incentivo para mexer com gado leiteiro e gado de corte, “que também não era o caminho”.
Porém, o que o vereador considera muito mais grave é a falta de logística, de estradas no campo. “Talvez tenha sido o maior prejuízo, pelo fato de o colono hoje não ter como escoar sua produção, ele não tem como trazer e o consumidor não tem como buscar. A logística fica muito cara e inviável, pelo valor do produto que ele vai comercializar”.
E, para Stringari, falar em agricultura familiar é lembrar de merenda escolar. Ele lembra, no entanto, que, em 2014, o município considerado com o maior envolvimento com a merenda escolar, no País, era Curitiba (PR), considerado um modelo nacional, mas que só atingia 25% do fornecimento.
Novo modelo
“Sabe quando vamos atingir 10% aqui? Vai levar alguns anos com esse modelo de agricultura implantado na nossa região, que praticamente não existe”, prevê o vereador, que daria uma sugestão para o governo federal: fomentar os recursos que o Incra tem, por meio dos municípios, para os quais passaria a responsabilidade dos assentamentos, por meio das secretarias de Agricultura, deixando o Incra como órgão fiscalizador.
“Eu acho que os recursos que vêm do governo federal aos assentamentos poderiam ser melhor direcionados e, distribuídos, de acordo com o percentual de cada município. Hoje a distribuição é por região, mas pode não estar sendo distribuído com justiça. Há uma diferença e desigualdade muito grande nesse sentido”, alerta Alécio.
Ele afirma ainda que a assistência técnica é fundamental, porque o produtor, sem orientação, não produz corretamente, perde produção e dinheiro, fica desanimado e acaba por desistir. “Mas, se tiver um amparo nesse sentido, consequentemente vai ter bons frutos e vai se expandir. Isso é uma prerrogativa fundamental”.
Transformação
Alécio, porém, não é de ficar só no discurso nem no campo das ideias. Disse ao Blog que está partindo para a prática, a fim de tentar mudar a realidade no campo, pelo menos em Marabá. “Vamos começar a trabalhar, com o nosso secretário de Agricultura, alguma coisa nesse sentido, para que a gente possa ter uma dinâmica diferente na zona rural de Marabá”, anunciou, afirmando que vai trabalhar a conscientização da gestão municipal, para que o homem do campo tenha uma contribuição maior.
“O investimento no homem do campo sempre deu resultado. Temos uma riqueza muito grande na pecuária hoje, mas a pecuária está mais concentrada nos grandes fazendeiros”, lembra o vereador, destacando que os assentados estão limitados naquela pequena produção, que ajuda, contribui e representa muito.
“Temos de começar a inserir a legítima agricultura familiar, o que não é realidade aqui, porque, infelizmente, a gente nunca conseguiu implantar. Não tem mais como viver o que estamos vivendo aqui”, afirma Alécio Stringari, lembrando que está faltando trazer para cá conhecimento técnico, gente que verdadeiramente possa dar esse ensinamento e fazer mudar a nossa cultura. “Nós temos de fazer essa transformação”.
Parcerias
Sobre as estradas vicinais, que podem ser recuperadas com parcerias, a exemplo do governo anterior, quando 3 mil quilômetros tiveram recuperação, Alécio Stringari lembra que aquela foi uma iniciativa dele e afirma que, no momento, está buscando novas parcerias.
“Estamos buscando de novo no governo do Tião Miranda. Já fizemos algumas alianças e algumas parcerias agora para chegar à divisa com São Félix do Xingu, Novo Repartimento e Itupiranga. Eu e o vereador Tiago Koch (PMDB) temos encabeçado isso, tomado a frente dessa posição fazendo a ponte do colono com o gestor e assim, vamos conseguindo avançar cada vez mais”, conclui Stringari.
2 comentários em “Vereador afirma que não existe agricultura familiar em Marabá, e nem na região!”
“ATO FALHO”
O VEREADOR DE MARABÁ EXERCENDO O 3º MANDATO CONSECULTIVO, NÃO TEM “NOÇÃO” DO QUE SEJA AGRICULTURA FAMILIAR, UMA VEZ QUE O MESMO RESIDE HÁ 15 ANOS NA AREA RURAL E “NUNCA” LEGISLOU EM BOA CAUSA A FAVOR DOS ASSENTADOS DA REFORMA AGRÁRIA NO ENTORNO DA VILA CAPISTRANO DE ABREU E EM “CANTO NENHUM” DO MUNICIPIO DE MARABÁ. ALEM DE TUDO O MESMO É “CONTRARIO AO MOVIMENTO SOCIAL”. O QUE O REFERIDO FEZ OU FAZ PELA REGIÃO DO CONTESTADO PRÓXIMO AO SEU REDUTO?
Fantástica a atitude do vereador que com grandes projetos deste naipe, consegue dar mais dignidade ao pouco menos favorecido. Agora não basta querer, deve jogar as informações na mídia televisiva para que as redes sociais juntamente com a imprensa aberta e livre, possam cobrar mais apoio público.