Fora das fileiras da Polícia Militar do Pará pela aposentadoria, Coronel Antônio Araújo atua como vereador de Marabá e usou a tribuna da Câmara nesta terça-feira, 25, para pedir aos demais colegas a assinatura em uma Moção de Repúdio à peça dramatizada e filmada na semana passada, na Curva do S, em Eldorado do Carajás, fazendo uma nova reflexão sobre o famoso Massacre que terminou com a morte de 19 trabalhadores rurais.
A peça, intitulada “Antígona na Amazônia”, é do diretor suíço Milo Rau, com participação de membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Com a dramaturgia, Milo faz uma nova e ousada transposição da tragédia grega para denunciar desta vez a destruição da maior floresta tropical do planeta.
Uma primeira apresentação acontecerá em 13 de maio, no teatro NTGent, em Ghent, na Bélgica, uma das principais salas de teatro europeias, que ele dirige desde 2018. Esta releitura contemporânea da tragédia de Sófocles também será apresentada na França, durante o festival de Avignon, em julho.
O vídeo da sessão de hoje está no Facebook da Câmara Municipal de Marabá e nele é possível assistir ao discurso de Araújo na íntegra. Entre as afirmações do militar, os 19 sem terra que morreram em Eldorado eram uma “massa de manobra” e estariam alcoolizados desde o dia anterior. Inclusive, disse que foi esse o motivo de entre as 19 vítimas fatais não estarem líderes sem terra, porque estariam apenas sendo usados pelos líderes.
Ele pediu para exibir em um telão trecho da gravação da peça, argumentando que os militares, no confronto sangrento de 19 de abril de 1996, não partiram para cima dos sem terra, mas estes é que correram na direção dos policiais.
A Reportagem do blog não recebeu informação se os demais vereadores da Câmara de Marabá assinaram, ou não, o documento do coronel.
No site da Câmara há, também, uma notícia sobre o assunto e o texto lido pelo vereador na sua totalidade. Veja o que reproduzimos:
Apresento à mesa desta Casa, ouvido o Douto Plenário e cumprido às formalidades regimentais, MOÇÃO DE REPÚDIO, a peça “Antígona na Amazônia”, do diretor suíço Milo Rau, e ao MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, pela participação na mesma, com cenas falsas de violência policial para difundir no exterior como se fossem verdadeiras
“O MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra gravou imagens que simulam violência policial para incriminar a PM – Polícia Militar do Pará na comunidade internacional.
O vídeo que circula com essa alegação mostra uma peça teatral sobre o ocorrido no município paraense de Eldorado dos Carajás, que vitimou 19 membros do MST em 1996, encenada em um acampamento do movimento.
Vídeos que compartilham as imagens fora de contexto acumulavam centenas de compartilhamentos no Facebook. O conteúdo também circula no Telegram e no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance.
O vídeo que mostra cenas da peça “Antígona na Amazônia” do diretor suíço Milo Rau, têm sido compartilhadas nas redes e mostra que o MST gravou cenas falsas de violência policial para difundir no exterior como se fossem verdadeiras. A encenação que aparece no vídeo foi registrada para fins de reconstituir o ocorrido em Eldorado dos Carajás.
As cenas foram registradas no acampamento pedagógico da Juventude Sem Terra Oziel Alves Pereira, em Eldorado dos Carajás (PA). A montagem do diretor suíço se baseia na tragédia grega escrita por Sófocles para contar a história. A peça estreou na Europa no dia 17 de abril.
As mesmas imagens foram gravadas de ângulos diferentes e divulgadas pela AFP Portugal – Universidade Fernando Pessoa e por um representante da UNMP – União Nacional de Moradia Popular.
A peça em comento transmite a situação de forma distorcida e maldosa, o que, por certo, irá impactar negativamente perante a comunidade internacional, trazendo sérios prejuízos ao agronegócio paraense, considerando o provável entendimento de que a violência policial impera no solo paraense, e que não retrata a realidade.
Naquela ocasião do confronto, policiais militares também foram feridos por ataques dos participantes do movimento chamado “Sem Terra”, inclusive um graduado ficou cego de um olho em consequência dos ferimentos sofridos.
Por dever de justiça, apresento essa moção de Repúdio, requerendo a aprovação dos demais edis dessa Casa Legislativa.
Ao mesmo tempo que, requeiro, caso seja aprovado a presente moção, que seja encaminhada cópia ao Governador do Estado, Secretário de Estado de Segurança Pública, Comandante Geral da PMPA, Sindicato dos Produtores Rurais e Direção do Movimento sem Terra.
Em tempo, informo que essa MOÇÃO DE REPÚDIO conta com o apoio do Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá, assim, como, do Núcleo Carajás dos Sindicatos de Produtores Rurais da região, totalizando 16 sindicatos”.