Encontramos na net agora a pouco a versão do motorista baleado por funcionário do IBAMA em Novo Progresso, satisfazendo assim cobrança em comentário na postagem que mostrou a versão da Assessoria de Comuniação do IBAMA. Veja abaixo o que disse o caminhoneiro Nelson da Silva ao repórter do site Povos da Amazônia:
“Não sou bandido, tenho família para sustentar e nada, mas nada nesse mundo, justifica essa covardia que fizeram comigo”.
Com exclusividade, nossa reportagem conseguiu entrevistar o caminhoneiro Nelson da Silva que retornava a sede do município de Novo Progresso quando foi baleado por um agente do IBAMA.
Segundo Nelson, diz ter parado o caminhão para colocar água no radiador do mesmo, quando do nada, apareceram dois homens, um deles de bermuda e usando uma camisa do grêmio e outro também a paisana, os dois já com arma em punho chegaram próximo ao motorista e disseram “você não reage, acabe de colocar água no radiador e não tente nada”.
Em seguida, após andarem cerca de 20 metros com o caminhão e o agente dentro, Nelson perguntou o que realmente o homem queria com ele e a carga do caminhão, só então, o homem se identificou como agente do IBAMA.
Eles estavam em uma caminhonete que também estava sem nenhuma identificação, ele (o agente do IBAMA) entrou na cabine do caminhão e mandou que eu seguisse viajem, sem explicar para onde iríamos ou algo do gênero, nem mesmo perguntou de onde eu estava vindo. Após andarmos certo trecho, o caminhão atolou em seguida o agente, sempre com arma em punho, se irritou e me acusou de ter atolado o caminhão de propósito, coisa que não é verdade.
O agente muito irritado e fora de si, mandou que eu fosse para a caminhonete e tomou a chave do caminhão para que ele mesmo tirasse do atoleiro, no entanto, segundo Nelson, se recusou a entrar na caminhonete com o outro agente, pois, temia por sua vida, entre meio a discussão, o agente do IBAMA engatilhou a arma e colocou no peito de Nelson e disse: “eu já matei três, pra matar mais um não faz diferença”, após essa ameaça de morte o caminhoneiro virou-se e seguiu rumo a caminhonete onde outro agente estava, quando percebeu que o agente que o ameaçou teria baixado a arma e descuidado dele, o caminhoneiro saiu correndo apavorado, foi quando o agente disparou sua arma e atingiu Nelson com um tiro na perna.
Na versão do Agente do IBAMA, ele atirou para se defender, pois segundo ele você estava com um facão e partiu pra cima dele. É verdade?
Não, não é verdade, eu não estava com nada nas mãos, ele sabe muito bem disso, ele atirou pelas costa, sem motivos, em momento algum eu iria partir pra cima dele sendo que ele estava armado com um revolver. Quem me socorreu foi o outro caminhoneiro, que ao ouvir os tiros retornou e pediu para que o agente não me matasse, até o outro agente do IBAMA, tentou conter o companheiro.
Houve alguma reação por sua parte em algum momento após o tiro?
Eu me levantei com as pernas sangrando por causa do tiro, me agarrei ao agente para tentar salvar minha vida, tanto é, que o outro agente do IBAMA que o acompanhava, também tentou juntamente com o outro caminhoneiro conte-lo, até que a arma dele caiu no chão e saímos correndo mata adentro.
Que atitude os agentes tomaram, depois que vocês correram?
Entraram na caminhonete deles e foram embora, com medo e sangrando muito, fiquei escondido no mato umas 4 horas, foi quando ouvi um barulho de uma moto, sai do mato e pedi que o motoqueiro me trouxesse ate a cidade. Digo mais, não sou bandido, tenho família para sustentar e nada, mas nada nesse mundo, justifica essa covardia que fizeram comigo. Espero que seja feito justiça, pois era minha vida que estava em risco e não um pedaço de madeira. Quero deixar bem claro aqui, que apenas o agente que usava bermuda e camisa do Grêmio que tentou contra minha vida, o outro ainda tentou controlar a situação e seu companheiro o qual atirou em mim.
Você esta tendo algum tipo de apoio, como hospital, remédios etc. do sindicato dos madeireiros ou de alguém, referente a esse fato?
Não, ninguém ta me auxiliando em nada, foram lá no hospital fizeram um movimento e depois caíram fora, minha família que pagou o hospital, remédio entre outras coisas.
Por: Arciso Bazanella