Desde a última sexta-feira, 15, um incêndio atinge uma área conhecida como Pium, que fica entre a Floresta Nacional de Carajás e a Terra Indígena Xikrim do Cateté, há 150 km de Parauapebas, no sudeste do Pará. A região é acidentada, de mata fechada e de difícil acesso porque não tem estradas, mas apenas rios.
A Floresta Nacional de Carajás é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), que com apoio da empresa Vale está combatendo as chamas. Durante um sobrevoo feito pelo ICMbio, no último domingo, foi possível registrar que uma extensa área está tomada pela fumaça do fogo que se espalha com a força do vento. Para o chefe do ICMbio de Parauapebas, Marcel Regis, não é só o incêndio nessa área que tem piorado a qualidade do ar no município de Parauapebas. “Há focos de queimadas não só na nossa região, mas de um modo geral na região norte do país. Temos Marabá, Jacundá e outros municípios. Então todo esse vento circulando, contribui para que a fumaça venha pra cá e, como a gente vive nessa região de morros, essa fumaça vem e fica estagnada”, observa Regis.
Este é o segundo foco de incêndio nas Unidades de Conservação de Carajás. Há duas semanas o fogo atinge uma área do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, que fica mais próxima de fazendas e casas, e por isso, tem sido priorizada pelo ICMbio com mais equipes de combate à queimadas. Cerca de 80 homens das brigada de incêndio, guarda florestal, corpo de bombeiros de Canaã e Marabá e do Exército, fazem parte das equipes que tentam apagar o fogo nas duas unidades de conservação. Um helicóptero também foi deslocado para a região para ajudar no combate às queimadas. Ainda não há confirmação se o novo foco de queimadas foi provocado pela ação do homem. “Ainda é prematuro afirmar se o incêndio é criminoso ou natural, porque a gente ainda não consegue identificar de onde iniciou o fogo porque é uma região de difícil acesso. A gente primeiro está focado em combater a queimada, para depois levantar as causas do incêndio. Embora, boa parte desses incêndios, infelizmente, é criminoso, como o que aconteceu no Campo Ferruginosos”, destaca Regis.
A Floresta Nacional dos Carajás, criada em 1998, faz parte do bioma Amazônia e possui cerca de 400 mil hectares.
Crime Ambiental
Nos meses de Julho e Agosto, deste ano, o Corpo de Bombeiros de Parauapebas realizou mais de 120 autuações contra focos de queimadas na cidade, sendo que 90% das ocorrências foram provocadas pelo homem. Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros, Waulison Ferreira, no mês de setembro também houve um aumento de ocorrências de queimadas e da demanda das equipes de resgate, com a captura de animais que estão fugindo das áreas de incêndio. “A fumaça em nossa cidade está bastante acentuada provocando problemas de visibilidade e de saúde da população”, observa o tenente, que confirma que boa parte dessas queimadas na cidade, é criminosa. “A gente vai no local da queimada, faz o rescaldo para pôr fim às chamas, mas alguns dias depois, o fogo volta a aparecer no mesmo local. As pessoas continuam cometendo um crime ambiental”. O corpo de bombeiros tem buscado apoio da Polícia Militar para entrar em propriedades privadas, onde o dono costuma pôr fogo para limpar a área e dificulta a ação dos bombeiros.
De acordo com o artigo 250 do Código Penal, queimar qualquer coisa em ambiente aberto, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem é considerado crime. A pena vai de 3 a 6 anos de prisão, e multa.
Para fazer a denúncia de queimadas, a população pode ligar para o Corpo de bombeiros nos telefones 193 ou no (94) 33564010