A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como violência interpessoal aquela cometida entre os parceiros íntimos e entre os membros da família, principalmente no ambiente da casa, mas não unicamente.
“É toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outra pessoa da família”, descreve a OMS.
A violência interpessoal pode ser cometida dentro ou fora de casa por algum membro da família, incluindo pessoas que passam a assumir função parental, ainda que sem laços de consanguinidade, e que tenha relação de poder.
Já a violência autoprovocada, também conforme a OMS, compreende a formação de ideia suicida, autoagressões, autoflagelos, tentativas de suicídio e suicídios.
Em Parauapebas, de 2010 até agosto de 2019, a Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde notificou 1.288 casos de violência interpessoal/autoprovocada. Destas, 314 (24,4%) se repetiram várias vezes.
Assim como em outros campos da notificação, essa informação aparece como “ignorada/branco” em 600 (46,58%) casos. Porém, observa-se que ao longo dos anos essa taxa vem caindo, representando em 2018 apenas 152 (19,08%) casos de violência.
A repetição da violência está intimamente relacionada ao local de ocorrência, pois, uma vez em que não há cessação das relações interpessoais da vítima com o agressor, a probabilidade de reincidência dos casos é maior.
Foi observado no boletim que a residência é o principal local de ocorrência das violências. Isso ocorre porque a privacidade no ambiente doméstico isola a família dos olhos e ouvidos do domínio público, proporcionando aos agressores um local no qual a violência possa ser praticada continuamente, sem interferência.
Vítimas deficientes
A proporção de violência contra as vítimas deficientes foi de apenas 3,88% do total de casos notificados na série histórica: 50.
Sabe-se que pessoas com deficiência estão mais expostas a serem vítimas de violência e que essa prática sempre está associada a fatores sociais, culturais e econômicos da coletividade, que vê a deficiência como algo negativo.
Entre as deficiências, o transtorno mental é apontado como um dos principais motivos da violência autoprovocada (tentativa de suicídio). Com relação à saúde mental, Parauapebas possui a Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde, que propõe a qualificação do cuidado, por meio do acolhimento e acompanhamento contínuo, considerando os diferentes níveis de complexidade de cada caso, bem como os grupos em situação de maior vulnerabilidade.