Em artigo publicado hoje no jornal Correio Braziliense, Gláucio Soares – professor e pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ – traça um paralelo entre a diminuição da violência no sul e sudeste e a consequente migração da criminalidade para as regiões norte e nordeste, notadamente menos favorecidas por investimentos na área de segurança.
Gláucio Soares inicia seu artigo afirmando que “o que aconteceu em 2011 no mundo do crime, da violência, da prevenção e da repressão é algo de novo na segurança pública. Depois de décadas de relativa estabilidade na ordem das regiões do país nas taxas de homicídio, sendo o Sudeste a mais violenta e o Nordeste e o Norte as menos violentas, há alguns anos foi iniciado duplo processo em direções opostas: descenso no Sudeste e crescimento no Norte e no Nordeste. O ano passado cimentou as tendências. Hoje poucos duvidam das mudanças. Em 2000, a taxa de homicídios por 100 mil era 30 no Sudeste, 21 no Nordeste e 20 no Norte.
Na última década, observamos uma explosão de violência no Nordeste e no Norte. Alagoas passou ser o estado mais violento do país; o Pará passou de 21º para 3º; a Paraíba, de 20º para 6º; a Bahia, de 23º para o nada invejável 7º lugar entre os estados brasileiros.
A mudança na distribuição espacial dos homicídios entre as regiões era questionada há poucos anos a despeito da apresentação de dados obtidos e elaborados de maneira independente por José Maria Nóbrega e por mim. A suspeita de que a redução das taxas no Sudeste e o seu crescimento no Norte e no Nordeste fossem fenômenos passageiros, de um ou dois anos, foi abandonada devido ao fato de que dura vários anos.
Outro ponto de destaque em 2011 foi a reabertura de importante questão metodológica referentes às mortes violentas com causalidade indeterminada (ou desconhecida). Esses erros resultam do descaso e da incompetência de policiais em preencher os boletins de ocorrências, com o descuido conivente dos legistas. Trata-se de fenômeno típico dos países em que a polícia ainda é rudimentar. Essas mortes diferem do total de mortes em vários aspectos. Muitos procuraram estimá-las”.
Em coletiva realizada na manhã de ontem (29), no Hangar, que contou com a presença do governador Simão Jatene (PSDB), os dados oficiais da violência do Estado do Pará foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social – SEGUP. Os números divulgados apresentaram um sensível queda na criminalidade no período compreendido entre os meses de janeiro e novembro de 2011 em todo o estado se comparados com o mesmo período de 2010.
Segundo o governador, essa diminuição se deu em virtude dos investimentos maciços em segurança, com qualificação de pessoal, melhoria na infra-estrutura no setor e aquisição de viaturas.“O esforço contra criminalidade está sendo conseguido por uma ação conjunta dos diversos órgãos. É claro que é hora de festejar esses números, mas a estrada é longa. Qualquer vacilo pode fazer com que os antigos índices retornem”, concluiu Jatene.
Para o Blogger, há quase trinta anos no Pará e sabedor que as coisas por aqui não acontecem do dia pra noite, fica a pergunta, baseado no citado estudo do professor Gláucio: melhorou a segurança no Pará ou mudou-se a forma de registrar essa criminalidade, maquiando os números para impressionar os leigos?
2 comentários em “Violência no Pará diminuiu mesmo ou os números foram maquiados?”
Claro que trata-se de esttisticas maquiadas, ainda mais que não leva em conta a subnotificação, que segundo a ONU, está em cerca de 55%, ou seja, na verdade, os numeros, são outros, bata perguntar a populaçao.
Se não dá para festejar nem se contentar, há pelo menos de refletir sobre os dados é só solicitar ao Gláucio as bases e critérios utilizados… Ainda assim, é uma boa notícia de quam só ouve coisa ruim.