A OMS (Organização Mundial de Saúde) calcula que, desde 1981, quando a epidemia de Aids começou, até o final de 2016, 36 milhões de pessoas já morreram pelo HIV, um número que equivale à população do Canadá. Em 2016, cerca de 1,8 milhão de pessoas foram infectadas pelo vírus da Aids. Este número representa em média uma nova contaminação pelo HIV a cada 17 segundos, ou a cerca de 5 mil novas infecções por dia. Mas, a cura para tão temido mal, pode ter sido descoberta em Marabá, em 1983 e, agora está muito perto de se concretizar.
Notícia veiculada esta semana, pelo Journal of Infectious Diseas, editado pela Academia de Oxford, na Inglaterra, dá conta de que o vírus Marabá, ou MG1, consegue alvejar e destruir as células infectadas pelo HIV que as terapias antirretrovirais não conseguem alcançar. Se essa técnica, testada até agora apenas em laboratório, funcionar nos seres humanos, este pode ser um caminho para uma cura definitiva para a infecção pelo HIV e a AIDS.
Embora os medicamentos antirretrovirais mantenham o nível de vírus HIV no sangue em níveis baixos, atualmente não há como eliminar totalmente as células infectadas pelo HIV dormente. Se uma pessoa que vive com HIV parar de tomar os medicamentos antirretrovirais, esses vírus ocultos rapidamente se recuperam e a carga viral do paciente volta a subir. Essas células latentemente infectadas pelo HIV são difíceis de atingir porque elas não se distinguem das células normais.
“A nova abordagem usa o vírus MG1 para identificá-las – seu nome é uma homenagem à cidade de Marabá, no Pará, onde ele foi isolado pela primeira vez em 1983”, diz o jornal, sem revelar, no entanto, quem foi seu descobridor.
Esse vírus tipicamente ataca células cancerosas – é um vírus oncolítico – que apresentam defeitos na via do Interferon, o que as torna mais vulneráveis aos vírus. Ocorre que as células infectadas pelo HIV dormente também apresentam defeitos nessa via.
Ataque seletivo
Usando uma série de modelos de laboratório de células latentes infectadas pelo HIV, os pesquisadores descobriram que o vírus Marabá alveja e elimina as células infectadas, deixando as células saudáveis ilesas. Mas a terapia ainda não está pronta para ser testada em humanos.
“Nós sabemos que o vírus Marabá está alvejando e matando as células latentes infectadas pelo HIV, mas não sabemos exatamente como ele está fazendo isso. Acreditamos que o vírus é capaz de atingir essas células por causa de uma via de Interferon danificada, mas precisamos fazer mais pesquisas para saber com certeza,” afirma o doutor Jonathan Angel, da Universidade de Ottawa (Canadá).