Não foi Canaã dos Carajás, nem Parauapebas, muito menos Marabá ou Belém. Esqueça todos eles. Quem realmente viu o Produto Interno Bruto (PIB) pipocar em dez anos foi Vitória do Xingu, município encravado no coração do Pará com população pequenina, cerca de 15 mil habitantes, mas gigante quando o assunto é produção e movimentação de bens e serviços.
Em uma década, entre 2007 e 2017, a economia de Vitória aumentou incríveis 5.581%. Já que seu PIB saltou de tímidos R$ 54,4 milhões para impressionantes R$ 3,088 bilhões, fazendo dele a segunda mais rica localidade do oeste do Pará, atrás apenas de Santarém (R$ 4,835 bilhões) e batendo com folga o vizinho Altamira (R$ 2,501 bilhões). Entre os 5.570 municípios brasileiros, Vitória do Xingu registrou o maior crescimento do país. O segundo lugar nacional é o maranhense Santo Antônio dos Lopes, que viu a economia crescer 3.844%.
O Blog do Zé Dudu mergulhou nos dados de PIB dos municípios, liberados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há duas semanas, a fim de desvendar para onde atualmente corre a riqueza do país, e o Pará é destino certo. Só que, diferentemente do que usualmente tem se consolidado, com Canaã dos Carajás sempre nos holofotes (e mais por causa da arrecadação, não pelo PIB), Vitória do Xingu rouba a cena por se tornar uma praça financeira discreta, alheia ao olhar da imprensa e escorada naquele que talvez fora o maior empreendimento público desta década, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu.
Crescimento econômico eleva finanças públicas
Embora não implique o mesmo que PIB, a receita de Vitória também disparou. Se em 2007, quando não se falava em Belo Monte, a prefeitura local arrecadava pífios R$ 9,634 milhões, em 2017 a receita pulou para R$ 123,411 milhões, fabuloso avanço de 1.181% em dez anos, nada visto em lugar algum. Este ano, com base na execução orçamentária consolidada até o 5º bimestre, o Blog apurou que a Prefeitura de Vitória do Xingu deverá fechar 2019 com não menos que R$ 178,847 milhões arrecadados, levando-a a ser o governo que mais prosperou em receitas no estado este ano, já que deve passar a intimidar municípios bem mais populosos, como Redenção, São Félix do Xingu e Bragança.
Embalado nas turbinas de Belo Monte, o governo de Vitória do Xingu é o segundo que mais fatura no país com a Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos (CFURH), uma espécie de royalty sobre a água que inunda o território dos municípios para gerar energia elétrica. Este ano, foram R$ 43,309 milhões recebidos a título dessa compensação. Só Altamira, com R$ 44,776 milhões, arrecadou mais.
O Blog do Zé Dudu preparou um panorama com as 20 principais praças financeiras do estado para mostrar o tamanho do crescimento do seu Produto Interno Bruto. Vitória do Xingu, que aparece em primeiro e sem rival à altura, cresceu dez vezes mais que o segundo colocado, Canaã, cuja produção de riquezas aumentou 543,77%. Em Parauapebas, terceiro no ranking dos 20 de maior crescimento, a taxa foi de 532,75%.
No ranking geral, considerando-se todos os 144 municípios paraenses, Canaã só aparece em 6º lugar. É que Terra Santa (crescimento de PIB de 1.216% em dez anos), Curralinho (993,47%), Curionópolis (969,37%) e Juruti (566,44%) cresceram mais. No outro extremo, os municípios que cresceram menos foram Colares (105,86%), Rondon do Pará (104,84%), Faro (84,45%), Abel Figueiredo (62,75%) e Almeirim (57,01%). O único lugar que não teve taxa gerada foi Mojuí dos Campos porque, em 2007, simplesmente não existia como município, tendo sido emancipado apenas em 2013.
Confira o ranking: