Comentário de Everaldo Portela no post “Lucro da Vale cai 58,83% em 2009”

“Pode-se observar que, apesar da queda nos lucros, a empresa conseguiu um lucro fantástico, sobretudo considerando-se o cenário industrial e financeiro adverso da economia mundial. A grande questão é que do volume total das receitas brutas da empresa (R$ 72,766 bilhões em 2008 e R$ 49,812 bilhões, em 2009) muito pouco fica na região em forma de salários, investimentos sociais, impostos, serviços e consumo.

O povo da Amazônia deveria receber muito mais pelas suas riquezas. Sem isso, o tão propalado desenvolvimento sustentável da mineração só vai servir mesmo para as mineradoras que, depois do esgotamento das minas, transferirão seus negócios para outras regiões, sempre em busca da exploração das riquezas da terra e da mão-se-obra barata local.

Infelizmente, no jogo de forças do Congresso Nacional, as mineradoras estão ganhando. Conseguiram demover o governo da idéia de elevar o percentual da CFEM. O povo brasileiro, especialmente nós amazônidas, precisamos acordar para inibir o saque de nossas riquezas”.

Nota do Blogger:

Everaldo, concordo contigo em todo o texto, só acrescentaria algo sobre os nossos militantes locais.

Em tese, a diminuição das receitas repassadas às terras devastadas pela exploração das riquezas minerais é um crime dos maiores e inaceitável. Mas é necessário que haja também por parte do poder local, nossos governadores e prefeitos, uma mínima consideração com o dinheiro que atualmente é repassado, que, mesmo não sendo a quantia ideal, deveria ser melhor utilizado, deveria ter otimizada a sua utilização, evitando assim que caia no ralo dos gastos das administrações populistas e  ao mesmo tempo tirânicas, tão comuns por essas bandas de cá da linha do equador.

Dinheiro tem. Não é muito mas com um pouquinho de probidade, somente um pouquinho, os governos de uma maneira geral poderiam dar uma resposta pra lá de suficiente às nossas graves demandas sociais.

Que o dinheiro das mineradoras não seja o justo, é fato. Porém, mais grave que isso somente  o desperdício  desse mesmo recurso por administrações públicas voltadas para interesses de umas poucas pessoas, certas de que os seus pecados não serão vistos pela frágil e ausente justiça dos homens.

As  mineradoras não querem pagar impostos, ou repassar lucros em forma de melhoras para os lugares explorados, mas, cá pra nós, temos um bocado de culpa em perpetuamente cultivar o perdão em favor de nossos vilipendiadores, nossos governantes. Seus interesses estarão sempre acima daqueles que deveriam ser os beneficiários de um possível sério trabalho.