Voltando no tempo

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Li outro dia, em algum lugar, um artigo onde o autor se perguntava o que faria de diferente do que fez ao longo dos anos se pudesse voltar no tempo.

O texto me fez refletir e logo meus pensamentos me conduziram à meados de 1984. Jovem, bonito (mamãe achava), cabeludo, com toda a vida pela frente, ali estava eu, em Parauapebas. Uma cidadezinha no Pará que dava os seus primeiros passos rumo à civilização.

Na verdade a pequena cidade de pouco mais de três mil habitantes (outros vinte mil trabalhavam na implantação da mina de Carajás e só vinham à sede do município nos fins de semana), com poucas casas, a maioria delas servindo de pousadas ou prostíbulos para os trabalhadores de Carajás, viria a se tornar, quase trinta anos depois, a maior exportadora do Brasil, onde o valor do metro quadrado se compara aos praticados nos grandes centros financeiros do Brasil.

Alguns desavisados poderiam perguntar: então o que você faria diferente seria comprar terras próximas a sede do município e aguardaria a especulação imobiliária para com ela ficar rico? A resposta poderia ser sim e é claro que se tivesse o dom da bilocação teria investido até o último tostão no mercado imobiliário de Parauapebas, todavia, acredito que se pudesse voltar no tempo investiria na política. Não como candidato, mas como conselheiro.

Convivi com a maioria dos políticos parauapebenses desde antes da criação desde município, contudo, mantive-me afastado da política por muito tempo por acreditar, sinceramente, que política não era coisa para pessoas sérias. Um terrível engano que só há poucos anos me dei conta.

Se pudesse voltar no tempo me aproximaria mais do amigo Faisal Salmen, primeiro prefeito deste município e por quem sempre tive um grande apreço por ver nele um sujeito diferenciado da maioria que à época militava na política local. Lhe daria conselhos fazendo-o ver que poderia muito mais politicamente do que na verdade ele pensava poder. Abriria-lhe a mente para que o mesmo pudesse ver Parauapebas como ela é hoje. Uma rica cidade mal planejada onde por qualquer simples acidente de trânsito este trava por horas. Mostraria a ele que deveria investir os poucos recursos, à época, em educação, saúde e planejamento estratégico.

Acredito que se tivesse agido dessa forma Parauapebas seria hoje uma cidade melhor para se viver. 

Teria me aproximado mais e dado conselhos à também amiga Bel Mesquita, uma prefeita visionária, mas que ao longo dos dois mandatos em Parauapebas esqueceu os verdadeiros motivos que a levaram a se tornar uma política em detrimento a política. Voltou a encontrá-los quando assumiu um cargo no Congresso Nacional, todavia, lá não tinha o mesmo poder de mudar as coisas de quando foi prefeita. 

Acredito que se tivesse agido dessa forma também com Bel Mesquita, Parauapebas seria hoje uma cidade melhor para se viver.

Com o ex-prefeito Chico das Cortinas tive pouca proximidade. Não o conhecia e tampouco ele a mim. Mas, como o propósito seria contribuir, me aproximaria dele e o alertaria do perigo que corre o governo quando se faz uma administração baseada exclusivamente na confiança em pessoas cuja a única ligação é a religião. Tentaria mostrar ao religioso prefeito que o governo é laico, e isso tem de ser respeitado.

Acredito que se tivesse agido dessa forma também com Chico das Cortinas, Parauapebas seria hoje uma cidade melhor para se viver.

Com o ex-prefeito Darci Lermen tive uma boa relação. O conheci antes dele ser prefeito e ai posso afirmar com toda a convicção que este foi o que mais se transformou depois que assumiu o cargo, passando de “companheiro” a subserviente. Darci perdeu-se ao longo dos mandatos não porque era uma pessoa ruim ou com interesses escusos. Perdeu-se por que confundiu lealdade com submissão. Foi por muito tempo submetido aos caprichos do partido e quando acordou que o prefeito era ele, e não meia dúzia de analfabetos políticos que adoravam citar Karl Max, Maquiavel  e Sartre mesmo que a maioria só tenha lido as orelhas dos livros de alguns pensadores, era tarde demais. À Darci teria apenas instigado-o a bater a mão na mesa e dizer: quem manda sou eu!

Acredito que se tivesse agido dessa forma também com o petista Darci Lermen, Parauapebas seria hoje uma cidade melhor para se viver.

Hoje o prefeito é o empresário Valmir Mariano. Conheço o empresário, o pai de família e o amigo Valmir da Integral há anos e com ele sempre tive uma boa convivência. Valmir da Integral era uma contador de história. Não havia nenhuma situação em que Valmir da Integral não tirasse dela proveito para contar uma passagem de sua vida. Na maioria das vezes que nos encontramos, estes serviram-me como lição de vida. Valmir da Integral é, sem sombra de dúvidas, uma pessoa sensacional.

Não conheço o prefeito Valmir Mariano Queiroz e por isso não tenho acesso a ele. Se tivesse, tentaria transmitir-lhe toda a experiência adquirida ao longo de tantos anos de convivência com os políticos de nossa terra.

Apesar da amizade com Valmir da Integral, o acesso ao prefeito Valmir Mariano hoje não é nada fácil. Sabe-se lá o porquê o prefeito é blindado por assessores do gabinete que mal garantem o cargo. Talvez por não conhecerem exatamente as funções que ocupam, descuidam-se da polidez com que deveriam tratar os munícipes. Acreditam que o prefeito não pode receber ninguém com o poder de persuasão melhor do que o deles, temendo a perda do cargo .

Uma pena. O prefeito Valmir Mariano, diferentemente do Valmir da Integral, hoje escuta quem pouco conhece e quem conhece pouco, se é que me entendem.

Se tivesse acesso ao Valmir Mariano lhe diria pra manter a linha traçada quando ainda era candidato, pra manter vivo o ideal que o levou a ter a maior votação já recebida por um prefeito em Parauapebas. Aconselharia, também, que ouvisse quem está nas ruas e quando isso não for possível, que ouça quem está preparado para dar um conselho.

Como não posso voltar no tempo e aconselhar Faisal, Bel, Chico das Cortinas e Darci, e não tenho a pretensão de fazer parte do seleto grupo dos que rodeiam o atual prefeito, rogo a Deus que este lhe dê sabedoria para buscar nos erros dos que passaram pela cadeira para construir uma Parauapebas melhor para o povo.

Conhecedor que sou da célebre frase de Olavo Bilac que afirma que “quando um sujeito se mete sinceramente a querer salvar a pátria, perde-se ele e perde a pátria”, me resguardarei o direito de apenas aguardar o tempo, o senhor de todas as coisas, na esperança que Valmir Mariano se aproprie de todas as ferramentas disponíveis e cumpra a verdadeira mudança.

Acredito que se Valmir Mariano agir dessa forma Parauapebas será, amanhã, uma cidade melhor para se viver do que é hoje.

Como diria um certo clérigo: “é preciso acertar o passo hoje para não lamentarmos, amanhã, os erros de ontem”.

4 comentários em “Voltando no tempo

  1. Wander nepomuceno Responder

    Excelente !
    Este relato me fez lembrar Hernani Guimaraes Teixeira !
    Em o ciclo dedesenvolvimento de Parauapebas !

  2. Marcos Ribeiro Responder

    O novo Chefe de gabinete, muito mais experiente do que seu antecessor, quer exatamente isso, que o prefeito escute o que o povo quer dizer, e, para isso, pretende trabalhar para que o chefe do executivo, O senhor Vamir, esteja mais presente nas ruas, ouvindo a massa. Isso é muito positivo, pois, ao invés da blindagem burra, abre-se um canal de comunicação importante e permanente, o que incidirá com certeza sobre as decisões do prefeito. Vamos ver se esse importante “empreendimento” será assim realizado. Torcemos por voce José de Fátima.

  3. Anônimo Responder

    O novo Chefe de gabinete, muito mais experiente do que seu antecessor, quer exatamente isso, que o prefeito escute o que o povo quer dizer, e, para isso, pretende trabalhar para que o chefe do executivo, O senhor Vamir, esteja mais presente nas ruas, ouvindo a massa. Isso é muito positivo, pois, ao invés da blindagem burra, abre-se um canal de comunicação importante e permanente, o que incidirá com certeza sobre as decisões do prefeito. Vamos ver se esse importante “empreendimento” será assim realizado. Torcemos por voce José de Fátima.

    • Zé Dudu Autor do postResponder

      Tenho absoluta certeza que Zé de Fátima fará diferente e que o suposto poder do cargo não mudará seu modo de pensar.

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