Nesta sexta-feira (16), fiscais da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) apreenderam 347 mudas clandestinas de plantas cítricas que seriam comercializadas de forma irregular no interior do estado. A operação ocorreu pela manhã no município de Xinguara, no sudeste paraense.
Segundo a Adepará, os fiscais constataram que algumas plantas apresentavam sinais de contaminação. Todas foram levadas para o aterro sanitário municipal e destruídas.
A carga estava sem a documentação que comprovaria a sanidade dos vegetais, representando, portanto, uma ameaça à cadeia produtiva e à economia paraense. De acordo com a agência, o Pará é atualmente o maior produtor de mudas de frutas cítricas e de citros da Região Norte, além de ser o primeiro estado a receber do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) o título de Área Livre de Cancro Cítrico.
“Essas mudas que foram destruídas são consideradas clandestinas, pois não possuíam documentação oficial que garantisse sua sanidade. Nós temos no Pará duas áreas livres de pragas de citros: o polo citrícola do nordeste paraense, na região de Capitão Poço, e o polo citrícola do oeste paraense, capitaneado pelo município de Santarém, que são muito importantes para a economia. Então, essas mudas que chegam de forma clandestina se tornam uma ameaça aos nossos produtores rurais,” alertou a diretora de Inspeção e Defesa Vegetal da Adepará, Lucionila Pimentel.
A agência destaca que as sementes e mudas comercializadas ilegalmente podem conter pragas e doenças, além de apresentar baixa produtividade e rentabilidade quando comparadas aos produtos produzidos com tecnologia, rastreabilidade e excelência. Por isso, o comércio ilegal é prejudicial a toda a cadeia produtiva e a integridade do setor.
O comércio estadual de sementes e de mudas é fiscalizado pela Adepará, que garante a qualidade e a viabilidade desses insumos. As ações de vistorias garantem segurança fitossanitária às culturas em geral e coíbem a disseminação de pragas e doenças.
De acordo com a Adepará, as mudas apreendidas eram oriundas do estado de São Paulo (SP). Segundo o fiscal estadual agropecuário Fábio Alan Côrrea, elas representavam riscos para a agricultura paraense porque há, naquele estado, ocorrências de pragas que já foram erradicadas ou controladas no Pará.
Os fiscais conseguiram fazer a apreensão da carga através de uma denúncia anônima. “Recebemos a denúncia e a foto do caminhão que comercializava as mudas de forma ilegal na região sudeste do Pará e agimos rapidamente para evitar uma possível contaminação. Plantas contaminadas por doenças ou pragas em contato com outras mudas nos pomares podem representar um prejuízo incalculável para a citricultura paraense,” explica Côrrea, que trabalhou em parceria com o agente fiscal agropecuário Edenilton Nonato Leite.
Para proteger os polos citrícolas foram instalados postos de fiscalização que atuam como barreiras sanitárias nos municípios de Irituia e Ourém, no nordeste paraense. Eles têm a missão de garantir a sanidade das frutas cítricas, por meio da inspeção fitossanitária, de procedimentos de desinfestação e fiscalização da documentação exigida para o trânsito de vegetais do gênero Citrus, oriundos de outros estados e municípios. Além do cancro cítrico, a Adepará atua para manter a produção estadual protegida das pragas “pinta preta” e Greening.
A agência destaca que produção de frutos cítricos no Pará ocupa uma área de 22 mil hectares, divididos entre 2.116 propriedades rurais, localizadas principalmente na microrregião de Capitão Poço – englobando os municípios de Capitão Poço, Garrafão do Norte, Irituia, Nova Esperança do Piriá e Ourém – e ainda na região de Monte Alegre – juntando os municípios de Alenquer, Belterra, Mojuí dos Campos, Prainha e Santarém, no oeste do estado.
Devido ao trabalho de controle de pragas, educação e inspeção sanitária, o Pará se tornou pioneiro entre os estados com o título de área livre de cancro cítrico, concedido pelo Ministério da Agricultura por meio das resoluções nº 1 e nº 6, de março de 2017. No mesmo ano, por meio do Decreto nº. 1943, o governo do estado criou dois polos citrícolas nas regiões nordeste e oeste.
Para manter o status de área livre da praga quarentenária cancro cítrico, a Adepará realiza levantamentos de detecção periódica com equipes de fiscais estaduais agropecuários.
A certificação fitossanitária de origem é o acompanhamento da unidade de produção ou consolidação por um técnico habilitado pela Adepará, com o objetivo de atestar a qualidade da produção, em atendimento às exigências fitossanitárias dos mercados interno e externo.
Parte da produção paraense é exportada para os estados do Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Piauí e Tocantins e, desde 2016, também para União Europeia. As principais frutas cultivadas são laranja pera, limão taiti e tangerina mearina. (Tina Santos – com informações da Adepará)