A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (29), a Operação Jaguaruna com o objetivo de combater a caça e o tráfico de animais silvestres, em especial a onça pintada, espécie ameaçada de extinção. Foram cumpridos quatro Mandados de Busca e Apreensão: dois em Curionópolis, um em Parauapebas e um em Nobres (MT). Duas pessoas foram presas em flagrante por posse de munição de uso permitido e caça. Uma, em Curionópolis, já havia sido presa pelo mesmo crime, e outra em Mato Grosso. Foi arbitrada fiança e os presos, liberados.
As investigações tiveram início a partir de um flagrante realizado pela Polícia Militar em Curionópolis, em 26 de agosto de 2016, quando foram encontrados em um freezer restos mortais de, aproximadamente, 19 onças de diversas espécies, segundo laudo pericial elaborado pelo Instituto Renato Chaves. Ainda de acordo com esse documento, as partes desses animais, como cabeças, patas e o couro foram extraídos de forma precisa, denotando muito provavelmente que tais membros seriam utilizados como troféus de caça.
As diligências apontaram que os animais encontrados foram abatidos em propriedades privadas que ficam no entorno da Floresta Nacional de Carajás e que foram motos por representarem uma ameaça aos rebanhos dessas fazendas. Para cada onça abatida o caçador chagava a ganhar R$ 1.000,00.
Foi identificada uma conexão entre caçadores do Pará, com outros de Nobres e, na investigação, ficou evidente a troca de informações sobre a caça de onças pintadas, bem como a compra e venda de cães especializados na caça dos “capetas”, termo usado pelos caçadores para denominar a onça pintada.
Os investigados responderão pelos crimes de caça de animais silvestres ameaçados de extinção, e receptação, uma vez que durante as investigações ficou comprovado que eles não tinham autorização dos órgãos ambientais para realizar o abate daqueles animais e que os compradores tinham conhecimento de que o abate era criminoso. Somadas, as penas por esses crimes podem somar oito anos de reclusão.
Jaguaruna significa onça preta em tupi-guarani e foi escolhido para denominar a operação em alusão a uma das espécies ameaçadas de extinção que foram mortas pelos caçadores investigados.
Coletiva
Durante coletiva na manhã desta terça-feira (29), o delegado Ricardo Viana de Souza, chefe da Delegacia de Polícia Federal (DPF) de Marabá, explicou que a onça é um animal que precisa de grande extensão territorial para convier e para se reproduzir, mas com o avanço das pastagens sobre a floresta, esse território vem diminuindo, o que coloca em xeque a sobrevivência da espécie.
Viana disse causar muita preocupação o fato de a mesma pessoa, com quem foram encontrados os restos de 19 onças em 2016, mesmo tendo sido presa e penalizada na época, ter voltado a cometer o mesmo crime ambiental.
Sobre a competência da Polícia Federal para trabalhar nesse tipo de crime, ele explicou que toda ação que envolver a matança de animais de espécies ameaçadas de extinção requer a atuação da PF, conforme tratados internacionais.
Ricardo Viana aconselha que, o fazendeiro que notar a presença de animais como onças e outro que estejam atacando seus rebanhos, em vez de matá-los ou mandar mata-los, deve procurar imediatamente o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) ou as secretarias municipais de Meio Ambiente, que sabem como realizar o manejo desses animais sem que sejam mortos.